A presente monografia buscou tecer na relação prática-teoria-prática a potência mobilizadora dos dizeres poiesis das crianças no cotidiano da Educação Infantil. Dizeres que deslocam não só os saberes docentes e suas práticas pedagógicas, como também, as concepções que estruturam o modo como nós, adultos, nos organizamos e organizamos o mundo ao apresentarmos a eles. As narrativas infantis em sua dimensão poética convidam a um olhar inaugurador sobre velhos paradigmas da ciência, do conhecimento e da relação educador e educando. Convidam-nos a transver o mundo, como diz o poeta Manoel de Barros. O que fazemos com o que ouvimos? Que deslocamentos nos permitimos? Que outras relações se estabelecem diante da criança narradora? Fundamentando o texto em autores como Larrosa, Benjamin, Geraldi, Kramer, entre outros, procuro anunciar algumas das travessias que somos chamados a percorrer com a criança quando entendemos esse sujeito como ator social e produtor de cultura e, na mesma medida, nos assumirmos professores pesquisadores de nossa própria prática. Para tanto, inicio contextualizando historicamente a infância enquanto categoria e suas concepções, as conquistas no campo legal e a concepção de infância que norteia o texto. Na segunda parte do trabalho conceituo a concepção de professor/ora pesquisador/ora e finalizo abrindo o baú das coleções poéticas do cotidiano com narrativas infantis verbais e imagéticas que costuram as conceituações anteriormente discutidas.