Na prática fonoaudiológica, baseio-me na abordagem interacionista da linguagem, em que a interação social tem importante papel no desenvolvimento da linguagem. Investiguei a interação adulto-criança numa situação de produção de história, em que analisei formas de assistência do adulto, auxiliando a criança a construir uma história compreensiva. Os sujeitos do estudo foram três professoras e nove crianças que formam pares: cada professora interagiu com três crianças de três, quatro e cinco anos. A situação experimental consistiu em propor à professora que levasse a criança a contar uma história acerca de um cenário de zoológico, intervindo quando achasse necessário. Foram analisadas as intervenções verbais das professoras, caracterizando três níveis de contribuição. Os resultados mostraram que as professoras atuavam como co-autoras da cadeia narrativa com crianças de três anos. Com as de quatro anos, as professoras realizavam constantes indagações, compondo a cadeia narrativa com as respostas das crianças. Com as mais velhas, as professoras escutavam atentamente e realizavam questões para as crianças elaborarem histórias mais complexas. Constata-se que o adulto atuou como organizador da cadeia narrativa no processo dialógico, adaptando seu discurso de acordo com as habilidades da criança. Como fonoaudióloga, compreendo que desenvolver linguagem é uma construção interpessoal, em que o adulto reconhece as reais habilidades discursivas da criança para promover novas, através do diálogo colaborador.