A tese A montagem na literatura e no cinema contemporâneos: memória e modularidade sob a esfera do digital aborda a construção narrativa de obras literárias e cinematográficas deste início do século a partir do olhar da montagem. Indaga-se como, através do gesto da montagem, articula-se, na atualidade, tempo, espaço e ponto de vista, modulando-se a representação da subjetividade, a relação entre tempo e memória. Para discutir estas questões trabalhou-se com três eixos principais: a intensificação nos últimos anos do uso da montagem espacial facilitada pelo advento de novos softwares de manipulação da imagem; a montagem como movimento análogo àquele presente nas operações hipertextuais; e o papel da montagem do ponto de vista da atual proliferação dos arquivos recontextualizados. Fortemente relacionadas à presença de uma modularidade que permeia nosso dia a dia, as reorganizações temporais das narrativas contemporâneas vêm minando não só o cânone aristotélico, como as estratégias utilizadas pela literatura e pelo cinema de arte do século XX. O corpus de análise, dentre outras obras, compõe-se de romances como Nada me faltará, de Lourenço Mutarelli (2010), e Prova Contrária, de Fernando Bonassi (2003), e de filmes como The Tracey s Fragments (2007), Caché (2005) e Ciudad de Los signos (2009).