O Ensino Médico tem sido questionado nos últimos anos pela forma que ainda vem trabalhando a transmissão de conhecimentos aos seus alunos. Muitas críticas têm sido feitas por conta da falta de profissional que atenda integralmente à pessoa humana, que possa participar de um processo de educação em saúde, não só para práticas curativas, mas especialmente o exercício da prevenção e valorização da vida. Esse profissional, devidamente preparado e integrado ao seu meio social, está escasso, e no mercado cada vez mais encontramos profissionais tecnicistas e ultra especialistas, que não conseguem resolver questões do dia a dia, problemas básicos de saúde, olham, mas não veem os seus pacientes, não conseguem elaborar um relacionamento de cumplicidade mútua e de pactuação para uma proposta de tratamento. Os pacientes que os procuram são considerados problemas e desse modo, nesse contexto, eles querem se livrar do compromisso, da responsabilidade, do envolvimento, e, assim, exercitam o jogo do ao, ou seja, encaminham ao cirurgião, ao neurocirurgião, à ultrassonografia, ao exame tal e qual. Certamente que nesse caminho o céu é o limite, tudo podemos requisitar de forma a nos proteger, nos resguardar de cobranças futuras, de possíveis erros ou de não conformidades. A culpa não é nossa e sim do paciente!; Ele não fez esse ou aquele exame, não me atendeu! Como se a obediência cega fosse o caminho... Nossa proposta é criar-se uma Unidade Pedagógica no Curso de Medicina com base no compromisso e no desenvolvimento de profissionais capazes de se verem dentro do contexto da saúde como agentes de transformação deles mesmos e de seus pacientes, e igualmente de se comprometerem com a responsabilidade própria desse universo, aprendendo a enxergar o próximo e poder sinceramente ajudá-lo.