Ao longo do tempo, o estudo do problema do sofrimento humano tem sido abordado em busca de respostas, soluções e entendimento. No entanto, tal tema se reveste de maior complexidade quando se trata de entender a presença do sofrimento no evento da Encarnação. Afinal, quem sofreu: o humano, o divino, ou ambos? A presente comunicação revisita o debate patrístico acerca da noção de impassibilidade divina na Encarnação com vistas a destacar: a função desempenhada pelo referido conceito no pensamento dos Padres e as contribuições de Cirilo de Alexandria para o desenvolvimento teológico do tema. Tal abordagem se desenvolve em três partes. A primeira delas apresenta o enfrentamento, por parte da Tradição, dos obstáculos presentes nos modelos dos que se preocuparam em explicar o envolvimento de Deus na experiência humana e suas implicações – começando pelo Gnosticismo, passando pelo Docetismo, Arianismo e Nestorianismo. A segunda parte expõe os pontos principais envolvidos na proposta de Cirilo. E, finalmente, a última seção conclui apresentando um elenco de considerações acerca das contribuições e limitações da abordagem ciriliana.