Apresentam-se neste artigo algumas considerações sobre o conceito de sociedade em Norbert Elias e em Pierre Bourdieu, com o objetivo de evidenciar aproximações e afastamentos entre o pensamento teórico desses autores, ambos utilizados em pesquisas em educação, especialmente no que diz respeito ao conceito de habitus. Destaca-se que os autores partem de diferentes ângulos na formulação da pergunta que os orienta na investigação empírica. Para Elias, importa investigar como se constituiu o homem civilizado. A pergunta é sobre a gênese, ou seja, o que confluiu numa composição histórica como processo que resultou no homem civilizado, operando com mudanças na longa duração, numa perspectiva diacrônica, para o que, evidentemente, conflui a perspectiva sincrônica, mas não como foco investigativo. Bourdieu, em seus escritos, tem por preocupação o estabelecimento de uma teoria da prática, ou seja, uma teoria explicativa sobre as formas como os homens agem e estabelecem relações sociais levando-se em consideração as condições objetivas às quais estão submetidos, em que as estruturas sociais estruturam essas relações e são por elas estruturadas, ao mesmo tempo em que estruturam a subjetividade dos agentes a elas submetida.