O paradigma de desenvolvimento sustentável traz para as empresas dois grandes desafios: por um lado, gerar inovações necessárias à existência humana sustentável e, por outro, vencer resistências da sociedade quanto aos novos produtos e serviços. Partindo-se do pressuposto de que futuras tecnologias e inovações tecnológicas impulsionarão negócios mais sustentáveis, propiciando às empresas novas opções de criação de valor, o desafio é descobrir de que maneira as empresas que atuam em ambientes cada vez mais complexos possam incorporar a visão de sustentabilidade econômica, social e ambiental - igualmente complexa - em suas estratégias tecnológicas. Nesse contexto, o objetivo da tese é desenvolver e validar um modelo conceitual de gestão estratégica da tecnologia para empresas que buscam pautar sua atuação nos princípios do desenvolvimento sustentável e que desejam incorporar as variáveis sociais e ambientais, além das econômicas, às suas estratégias tecnológicas. Conceituam-se, inicialmente, desenvolvimento sustentável na perspectiva de negócios, abrangendo responsabilidade social empresarial e sustentabilidade corporativa, que, juntamente com inovação tecnológica, são considerados os focos do novo modelo. Em seguida, apresentamse as bases conceituais para a construção da grade analítica que norteou o desenvolvimento e a implantação do modelo, que compreende o referencial sociotécnico, as abordagens de planejamento adaptativo e de aprendizagem organizacional e modelos de gestão tecnológica. Por se tratar de um caso empírico de aprendizagem organizacional e planejamento adaptativo, baseado em projeto de pesquisa-ação em uma empresa de energia de grande porte, acredita-se que a disseminação do modelo proposto possa contribuir para importantes mudanças organizacionais em relação às atuais práticas de gestão tecnológica na indústria, tão centradas ainda nas questões de curto e médio prazos e nos retornos econômicos dos desenvolvimentos tecnológicos.