Esta pesquisa teve por objetivo investigar as percepções sobre o desenvolvimento profissional e a experiência da docência em contrato temporário a partir da escuta de professores inseridos nas redes públicas de educação do município do Rio de Janeiro. Tal preocupação é justificada ao observarmos o número crescente de contratos temporários nas redes públicas de educação em todo o país, condição que contraria o princípio da excepcionalidade ao se tornar uma política de contratação. Os referenciais teóricos que fundamentam a pesquisa estão ancorados nos eixos de discussão sobre profissão docente, formação de professores e subjetividade docente. Para isso, recorremos aos estudos de Tardif (2013); Tardif e Raymond (2000); Nóvoa (1992, 2017, 2022) e Gatti (2011), articulando a discussão bibliográfica à experiência concreta docente em vínculo não efetivo, sublinhando os desafios e as possibilidades do trabalho nesse formato de vínculo. Ao longo da pesquisa, ouvimos 9 professoras da educação básica da rede pública da capital fluminense que, no momento da entrevista, ou estavam em exercício temporário ou haviam experienciado esse vínculo em algum momento da carreira. Os relatos nos permitiram observar como as relações entre pares, no contexto do contrato temporário, são um fator determinante para a construção da identidade profissional e mesmo para a decisão de permanência ou não no contrato. Esse obstáculo evidencia a importância da criação de redes de apoio entre os docentes, fundamentais para o desenvolvimento profissional coletivo, a aprendizagem compartilhada e a consolidação da docência como um saber construído colaborativamente.