Esse estudo investiga, sob uma ótica multidisciplinar, como acontece o ativismo indígena na cultura digital por meio de posts compartilhados no Instagram, com o objetivo de compreender quais recursos discursivos são empregados para ocupar a rede social e fazer política fora das estruturas institucionais tradicionais, como partidos políticos e espaços formais de deliberação, dentro da lógica de um ecossistema comunicacional e de agenciamento sócio-técnico. Para o material empírico de análise, focamos em dois perfis públicos das ativistas brasileiras, Txai Suruí e Alice Pataxó, escolhidas por sua expressividade como figuras públicas e suas atuações internacionais. O percurso metodológico desta investigação baseia-se na adaptação de aportes teórico-conceituais da Análise do Discurso (AD) ao objeto de estudo, tendo como pano de fundo debates da teoria da comunicação, da antropologia e da política. O objetivo é complementar a análise empírica com elementos contextuais que possibilitem uma compreensão mais ampla do objeto. Assim, a proposta é analisar como o discurso das ativistas se apresenta na cultura digital ao se configurar como uma síntese informativa entre símbolos e significados indígenas e não indígenas. Partimos do pressuposto de que, nesse processo de adaptação de seus discursos ativistas para o digital, elas promovem a causa ambiental de seus povos, traduzindo suas mensagens para o público da internet, articulando formas de fazer política, co-criando sentidos e estabelecendo mediações sociotécnicas.