Tratar de uma temática tão delicada como as doenças psicológicas, para muitos, doenças da alma, não é uma tarefa fácil, principalmente quando se abordam as causas do desespero humano que pode levar o ser humano ao suicídio, desespero existencial que toca profundamente também os fiéis de Jesus de Nazaré. A tarefa se torna certamente mais delicada quando os afetados tragicamente pelo suicídio são sujeitos religiosos, homens e mulheres de fé. Assim ocorreu com Frei Tito de Alencar Lima, cearense que conhecia bem a sofrida existência dos pobres brasileiros e que via no Reino de Deus e em sua Igreja Católica Apostólica Romana, que tanto amava a resposta para a transformação da sociedade brasileira. Via na Teologia da Libertação a chave para transformação da sociedade brasileira, para que os milhões de pobres no Brasil pudessem ter ao menos um pequeno gosto da doçura daquilo que Jesus de Nazaré trouxe ao mundo, justiça em toda sua práxis de vida. Mas no meio do caminho dos sonhos de Tito havia a ditadura e seus representantes na OBAN (Operação bandeirantes), a sucursal do inferno, para onde Tito foi levado arbitrariamente e torturado por horas e em dias seguidos. Lá provou a hóstia consagrada no seu próprio sangue, na covardia, na violência, nas sessões de tortura oferecidas pelas esquipes dos capitães do Exército: Maurício, Homero e Albernaz. A existência de Tito neste mundo foi moída na carne e na mente por seus torturadores. Esta pesquisa rememora como muitas outras já o fizeram, a vida e a morte trágica de Tito de Alencar Lima em tempos de repressão. Tito foi levado ao suicídio por seus torturadores, que posteriormente, assim como fantasmas atormentavam continuamente sua existência após ser liberto para o exílio no exterior ao longo dos primeiros anos da década de 1970, até sua morte em 10 de agosto de 1974. Nos calabouços da OBAN (Operação Bandeirantes), comandada pelo Exército brasileiro, ao longo da tortura nenhuma palavra pronunciou aos seus algozes, agiu como Jesus prestes a ser torturado, se fazendo como ovelha muda. Sua memória resiste, vive na história, para que nunca mais se repitam os anos de chumbo no Brasil.