Nossas vidas são feitas de ciclos; encontros, desencontros e despedidas. Tudo o que conhecemos é passageiro e talvez seja justamente isso que torne as coisas interessantes. Posto isto, através de uma revisão bibliográfica, o presente trabalho tem como objetivo estudar o significado da transitoriedade da vida, em particular das vidas daqueles com os quais compartilhamos vínculos fortes. Assim, pretende-se refletir sobre como podemos perceber e internalizar subjetivamente o caráter transitório da vida das pessoas que amamos e como, a partir dessa percepção e dos tipos de vínculos afetivos estabelecidos, podemos experimentar subjetivamente o luto resultante da perda de quem estimamos. Para tal, essa análise se apoiará na psicanálise, partindo dos conceitos de transitoriedade e luto em Freud. Após uma breve definição de algumas modalidades de luto, nos concentraremos nos vínculos primários, apoiados pela Teoria do Apego, de Bowlby. Ao definir e examinar os tipos de vínculos primários, pretende-se analisar possíveis relações entre os tipos de vínculo construídos com os cuidadores e as formas por meio das quais podemos perceber e internalizar a questão da transitoriedade e, no momento da perda, vivenciar o processo de luto. Por fim, dado o contexto atual do mundo contemporâneo, marcado pelo curso da pandemia de COVID-19, consideramos importante uma breve reflexão sobre os impactos deste cenário na nossa percepção de transitoriedade da vida e nos processos de luto experimentados.