Desde a gênese do Serviço Social no Brasil, há uma relação muito próxima entre as assistentes sociais pioneiras e o público infantil e juvenil. A emergência da profissão no Brasil ocorre em meio a uma ebulição de conflitos sociais que acentuam as preocupações com a infância. Tal cenário era fértil para a adoção das ciências eugenistas e higienistas, nos discursos e nas instituições assistenciais. Esta dissertação investiga as relações entre tais correntes científicas e as concepções e percepções das pioneiras do Rio de Janeiro sobre essa infância. A pesquisa, de cunho qualitativo e metodologia documental, tem como foco a cidade do Rio de Janeiro, entre 1937 e 1950. Propõe-se uma análise com base nos trabalhos de conclusão de curso elaborados pelas primeiras assistentes sociais formadas no Instituto Familiar e Social do Rio de Janeiro. A pesquisa mostrou que a organização do Serviço Social origina-se das influências internacionais voltadas ao controle da classe trabalhadora de um modo geral, nas quais já era possível perceber as preocupações com a infância. Em vista disso, institui-se no Distrito Federal em particular, um Serviço Social que resulta predominantemente das demandas de controle da infância da classe trabalhadora. Isso transparece nas percepções acerca da população atendida, perpassada por estigmas e dogmas difundidos com apoio das ciências eugenistas e higienistas.