Este trabalho analisou a trajetória de carreira de profissionais negros(as) sob a perspectiva das barreiras e estratégias que esses profissionais viveram ao longo de suas vidas. A respeito dos desafios na carreira, cabe ressaltar que nosso país possui uma forte tradição escravocrata, sobretudo considerando que a escravidão foi o pilar do modelo econômico por quase quatro séculos. Esse contexto histórico foi o pano de fundo para buscar identificar as barreiras e estratégias na perspectiva dos entrevistados. A pesquisa analisou carreiras corporativas sob a lente da perspectiva bourdieusiana, que considerou o contexto social, os diferentes tipos de capital (econômico, cultural, simbólico) e a dinâmica de classe na análise das trajetórias profissionais. No contexto brasileiro, essa lente foi aplicada reconhecendo a forte relação entre raça e classe social. O referencial teórico incluiu também autores brasileiros como Almeida (2018), que abordou o racismo estrutural, e Bento (2022), destacando o pacto da branquitude e a perpetuação de desigualdades raciais. Jaime (2018) suplementa a lente teórica ao discutir as mudanças nas trajetórias de executivos negros e a evolução da gestão da diversidade. Para complementar, a análise das barreiras e estratégias contou com autores que tratam de diversidade e carreira, como Myres (2003) sobre o valor da diversidade e Wyatt e Silvester (2015), que discutiram conceitos como labirinto e a homofilia nas carreiras de minorias étnicas. Na sessão de metodologia, a pesquisa seguiu o formato qualitativo e analisou a trajetória de executivos negros(as) que atuam em organizações privadas. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, como ferramenta de coleta de dados, e utilizado o método de análise temática para tratamento dos dados, o que possibilitou a identificação dos fatores críticos de sucesso da trajetória de carreira relacionados ao marcador racial, foco desse estudo. Por fim, respondemos à pergunta dessa pesquisa sobre quais são as barreiras e estratégias de superação delas para o progresso de carreiras de profissionais negros(as). As principais barreiras identificadas foram: reconhecimento do marcador racial como fator na carreira; desvantagem histórica e impactos da falta de equidade; preconceito e discriminação direta e indireta; necessidade de provar competência constantemente. No que se refere às estratégias, os achados apontam para questões como autoestima, segurança psicológica, capacitação profissional, despertar de consciência racial e alianças estratégicas.