O presente trabalho tem como objetivo investigar as implicações dos valores da família contemporânea nos processos de subjetivação da criança. Para isso, discorreremos sobre a história da instituição família nos últimos séculos, ressaltando as mudanças na organização familiar ao longo do tempo, bem como os principais valores que regem a família contemporânea: autonomia individual, horizontalização das relações, respeito mútuo. Em seguida, investigaremos de que modo se dá o desenvolvimento emocional saudável da criança a partir dos estudos de Donald Winnicott, apontando para a importância da qualidade da presença e da autoridade parental neste processo. Na sequência, discutiremos a fragilização da autoridade parental na família contemporânea em decorrência da horizontalização das relações e seus desdobramentos nos processos de subjetivação das crianças. Como efeito, presenciamos o aumento do mal-estar subjetivo, no sentido do desamparo, que caracteriza as novas subjetividades infantis como resultados das transformações dentro da dinâmica familiar atual.