O trabalho a ser exposto corresponde às elaborações iniciais de um exercício teórico que, inspirado no livro Flâneuse: mulheres que caminham pela cidade em Paris, Nova York, Tóquio, Veneza e Londres (Lauren Elkin), visa a delimitação e a caracterização da flâneuse, uma categoria idealizada com o intuito de compreender a maneira como as mulheres andam pelas cidades e as experienciam. A elaboração de um instrumento analítico como este nasce do desejo de conferir uma maior visibilidade às particularidades historicamente marginalizadas das vivências das mulheres que andam pelas ruas dos meios urbanos e do reconhecimento da necessidade da concepção de uma tipificação que seja capaz de abranger tais especificidades. Para que isso seja possível, entende-se que a formulação de uma simples versão feminina do flâneur, por implicar a conformação de práticas caracteristicamente femininas a um tipo que remete a uma experiência que era vivenciada exclusivamente por homens burgueses, deve ser deixada de lado, e que a flâneuse deve ser imaginada e entendida como uma figura de direito próprio (ELKIN, 2022).