As romarias a Juazeiro do Norte costumam ser definidas por diferentes grupos de atores sociais com base na tríade: chamado - graça recebida - retorno; piedade e penitência também figuram nessa caracterização. Entretanto, outros aspectos se insinuam, embora nem sempre sejam devidamente considerados, em nome da reificação de elementos que seriam particulares àquela que é a maior romaria popular do país. Este artigo apresenta reflexões sobre as romarias a Juazeiro do Norte por meio de variáveis que, cada vez mais se impõem às observações, mas que, até então, não figuravam como objetos prioritários/legítimos de análises: a viagem, a virtualização de práticas religiosas e o crescimento da participação de não devotos. As reflexões foram construídas a partir das observações de três pesquisadoras e partindo de um processo metodológico que compreende o trabalho de campo, a realização de entrevistas e conversas informais com variados sujeitos, apresentam diferentes lentes que apontam para a necessidade de compreender a pluralidade de vozes que constituem os eventos romeiros, ao tempo em que observam os diferentes sentidos atribuídos ao deslocamento. As mudanças em curso indicam também o impulsionamento da virtualização de práticas religiosas e a compreensão de uma forma de fazer romaria destituída de motivação devocional.