O fenômeno de globalização capitalista reestrutura as hierarquias globais, transcendendo o quadro exclusivo dos Estados-Nacionais em um novo sistema, de caráter multiescalar. Neste cenário, os espaços urbanos emergem como lugares estratégicos, como pontos cruciais de interação política, cultural e econômica ao fenômeno capitalista global, assim como de expressão de suas dinâmicas de exclusão e desigualdade. Diferenciadas tanto por sua alta concentração demográfica quanto pela intensidade dos fenômenos que agrega em seu território, as megacidades são afetadas pela rapidez dos fluxos globais que comprimem seus gigantescos espaços e populações. Os novos fluxos, práticas e recursos advindos do movimento global transpassam e envolvem também as megacidades de países do Sul Global, conformando conglomerados urbanos com dinâmicas intensas e contraditórias em termos de oportunidades, desigualdade e mobilidade social. Ao observar o fenômeno urbano no Sul Global propõe-se um recorte analítico de enfoque africano, tendo como objeto central a megacidade de Lagos, Nigéria. A partir da teoria crítica urbana, da percepção da relação entre ajuste espacial global, transição produtiva de regime de acumulação e organização de economias de fluxos, o trabalho se propõe a pensar as formas como esta megacidade se apresenta face ao tipo de dinamismo proposto pelo fenômeno globalizante.