A tese apresentada é resultado de pesquisa que buscou identificar os fundamentos da precarização do trabalho contemporâneo no atual estágio capitalista, financeirizado e mundializado, consideradas as particularidades do Brasil, país de capitalismo dependente, além de analisar as manifestações consideradas mais evidentes da precarização do trabalho de assistentes sociais, no contexto particular de 2020 a 2023. O período destacado representa fase de acirradas medidas de ajuste neoliberal e de repercussões de contrarreformas, especialmente destrutivas em relação aos direitos trabalhistas, combinadas ao período da pandemia de Covid-19. Com base em tais análises, foi realizado esforço no sentido de capturar tendências possíveis quanto à conformação do trabalho e formação profissional de assistentes sociais, ambos cada vez mais mediados pelas tecnologias da informação e comunicação (TIC s). A fim de desvelar as diferentes e mais expressivas formas de precarização do trabalho de assistentes sociais no período mencionado, com ênfase no conjunto de elementos identificados: 1)formas de contratação; 2) condições de trabalho e 3) retração dos direitos do trabalho, foi necessária a realização de revisão bibliográfica, que possibilitasse atualização do debate quanto ao tema e definição de categorias teóricas relevantes para as reflexões sobre precarização, sendo elas Trabalho, Superexploração e Expropriação. Foi necessário, ainda, buscar aportes teóricos para pensar a relação entre o Serviço Social, as TIC s e a precarização do trabalho no atual estágio do capitalismo. Sob o ponto de vista metodológico, foi adotada a metodologia qualitativa, com revisão bibliográfica, baseada na análise documental das seguintes fontes de pesquisa: Pesquisa de Perfil Profissional do CFESS – Conselho Federal de Serviço Social, publicada em duas fases, em 2022 e 2024; Pesquisa do GPSS/UFPA sobre Serviço Social, Política Social e Formação Profissional (ambas constituindo dados secundários) e também a análise das falas da categoria, presentes na sala de bate- papo (chat) do canal do CFESS no Youtube, por ocasião da apresentação dos dados de Perfil Profissional (2022). Além destes dados, busquei analisar as expressões atuais da precarização do trabalho de assistentes sociais sobre três campos de atuação profissional, dado à sua importância para o mercado de trabalho da categoria e por ter vivenciado atuação como assistente social e docente neles. São estes empresa, saúde e educação/docência. Neste movimento de pesquisa, houve a oportunidade de retomar a inquietação inicial, motivadora dos estudos, sobre a uberização do trabalho como uma das expressões da precarização. Com relação a isto, foi possível perceber as incidências da uberização que atingem à classe trabalhadora como um todo, incidindo particularmente sobre o trabalho de assistentes sociais nas áreas de empresa e na educação/docência, com mais vigor. Foi possível, ainda, estabelecer uma conexão entre a precarização que ocorre na formação profissional, sobretudo aquela que se dá em regime de ensino à distância e as inserções de assistentes sociais nos postos de trabalhos mais precários e com menores níveis de remuneração, conforme apontado nas pesquisas do CFESS e do GPSS/UFPA. O conjunto de dados e análises decorrentes da elaboração desta tese serve para contribuir com o debate da categoria quanto às tendências sobre a profissão e chama atenção para a necessidade de retomada da organização da classe trabalhadora, em prol dos nossos direitos conquistados, à luz do tempo atual, em seus desafios e potencialidades