Como uma imersão no subsolo das florestas tropicais, este trabalho é um emaranhado transdisciplinar tramado e nutrido pelos micélios. Em sua maior extensão tem cheiro fresco de terra e de decomposição, e sua tendência é virar composto. Reúne o design, a arte, a antropologia e a biologia para investigar e exercitar um design orientado a práticas de simpoiese por meio do cultivo dos fungos. Reconhecendo o micélio como metáfora e como matéria para moldar coisas, a pesquisa visa experimentar as possibilidades e meios de fazer-design-com os fungos, buscando perspectivas menos antropocêntricas do design, e mais alinhadas com uma lógica ecossistêmica. É fundamentada em conceitos como a simpoiese de Donna Haraway e as imersões apaixonadas de Thom Van Dooren et al., e adota uma metodologia prático-teórica, seguindo o método da pesquisa através do design (do inglês research through design, RtD). Busca-se verificar como os processos de biodesign podem ser mais alinhados aos ideais de uma proposta biodiversa, multiespecífica, local e relacional, em contraste com os padrões do mercado a quem o design convencional costuma servir, que funciona na lógica de monoculturas. A pesquisa busca representar um caminho de aprendizado e aterramento para gerar e semear curiosidade, empatia, respeito, paciência e, quem sabe, ânimo para estar em um planeta de transformações intensas e colapsos sucessivos, incerto e inseguro, mas ainda assim repleto de vida.