A presente monografia estuda a tensão existente entre a concepção da Soberania estatal e a concepção dos Direitos Humanos, e suas consequências. Ela defende que a predominância de teorias estadocêntricas nas Relações Internacionais reforça a compreensão da esfera internacional como sendo constituída por um sistema de Estados ou por uma sociedade pluralista. Essa análise do mundo, por sua vez, impede a eficaz implementação e a consolidação dos Direitos Humanos, em seu sentido universal, na medida em que estabelece zonas de inclusão e exclusão, de possibilidades ou impossibilidades políticas, de evolução ou recorrência, através da dicotomização doméstico/internacional. Essa tensão pode ser exemplificada através do estudo do tema de crianças envolvidas em violência armada organizada, localizada em um território doméstico bem delimitado, em comparação com seu oposto semelhante, a questão das crianças soldado, localizadas em locais de soberania claramente flexibilizada. Por meio desse exemplo fica claro, que a mais eficaz implementação dos Direitos Humanos passa pela flexibilização do conceito de Estado soberano, desconstruindo seu mito como um dado natural, a fim de caminhar na direção uma sociedade internacional solidarista, ou ao menos, de outras formas de organização da vida política humana.