A virada do milênio foi acompanhada por uma miríade de declarações que a enalteceram como uma oportunidade única para se pensar o novo. Desde bug do milênio até o advento da clonagem e o avanço da genética, o mundo pareceu parar por um instante para reavaliar, se não o milênio anterior, pelo menos alguns séculos que antecederam o ano de 2001. À aurora desta nova era, o homem parecia, de antemão, refletir de maneira única sobre que legado esculpiria nos mil anos seguintes. Tais reflexões não se restringiram ao campo das ciências naturais. Na arena política internacional, os Objetivos do Milênio das Nações Unidas listavam objetivos claros a serem perseguidos pelos os tomadores de decisão e pediam renovado ímpeto na luta por erradicar de uma vez por todas algumas das principais mazelas que acompanharam o homem em sua história. Principalmente em razão das crises humanitárias da década de 1990, parte da comunidade internacional – aqui destaco as atuações de Kofi Annan, então Secretário-Geral da ONU e da International Commission on Intervention and State Sovereignty – tomou pra si a missão de repensar a forma de atuação dos Estados no que tange à proteção de populações em risco. É nesse contexto que surge a Responsabilidade de Proteger, responsabilizando a comunidade internacional, em última instância, pela necessidade de evitar grandes crises humanitárias e a morte de civis. Tendo esse momento histórico em mente, analisa-se o impacto desta proposta sobre as agendas internacionais, bem como suas chances de sucesso oito anos após sua concepção inicial.