O objetivo deste trabalho é explicitar a necessidade de se incluir a dimensão humana nos estudos sobre identidades na União Européia, admitindo-se que uma identidade européia só poderá existir quando houver espaço suficiente para que todas as identidades individuais de todos os europeus possam coexistir de forma pacífica, com tolerância e respeito. A partir desta constatação, é apresentado o modelo de bolo mármore, do construtivista Thomas Risse, como a abordagem teórica mais indicada para trabalhar a idéia de coexistência dessas múltiplas identidades européias, que se combinam no caldeirão cultural que é o bloco, como os ingredientes no bolo supracitado, sem hierarquia, regras ou princípios rígidos, misturando-se de tal forma que se torna impossível distinguir um ingrediente de outro. Para melhor visualizar esta proposta, é utilizado como ferramenta analítica o filme O Albergue Espanhol, do diretor e roteirista francês Cédric Klapisch, que discute as identidades na União Européia, apontando para a possibilidade de se pensar a identidade européia a partir da autoreflexão de Xavier, de que o ser europeu é sertudo ao mesmo tempo, como sugerido no modelo do bolo mármore, ideal para se trabalhar as múltiplas identidades na União Européia.