Esta pesquisa investiga como os espaços são projetados e disputados pelas pessoas afetadas direta ou indiretamente pelo Conjunto Habitacional de São José do Programa Minha Casa, Minha Vida, considerando que os espaços são criados e projetados na e pela linguagem. Com uma abordagem etnográfica qualitativa e interpretativista, são utilizados entrevistas e cadernos de campo para a geração de dados. Os fundamentos teórico-analíticos exploram conceitos como cronotopos, escala, ordens de indexicalidade, heterotopia, topofilia/topofobia e análise da narrativa. Os dados apontam não apenas a subalternização do espaço numa sociedade desigual, mas também os efeitos dessa categorização no processo de construção da subjetividade dos membros de classes desfavorecidas. Desse modo, surgem efeitos de medo, choque e sonho na construção de múltiplos espaços — físicos, simbólicos e sociais. Espaço, nesse sentido, é concebido como um mecanismo de territorialização e desterritorialização que gera dinâmicas de poder e socialidade, estratificação de pessoas e recursos.