Os últimos pontífices têm apontado a necessidade de se encontrar um terreno teórico comum, aceito por crentes e por não crentes, para se tratar das questões mais urgentes da humanidade, como a ecologia, a paz e a convivência entre as raças e entre as culturas. Ratzinger se empenhou neste sentido, propondo o estudo da lei natural em busca das bases para estabelecer responsabilidades comuns. Para ele, esta lei é a nascente de onde brotam os direitos humanos fundamentais e os imperativos éticos. O mundo é criação divina que manifesta a razão criadora, e o ser é portador de uma mensagem moral que faz parte da linguagem da criação. Este empenho resultou em um documento pontifício sobre a lei natural, mas também em um confronto em questões correlatas, como gênero e orientação sexual. Este artigo analisa a origem do conceito de lei natural, a controvérsia em torno dela e as possibilidades de sua superação. Em seguida analisa a controvérsia sobre gênero e propõe novos caminhos de reflexão que podem ser trilhados.