A identidade é um conceito relevante nas Relações Internacionais contemporâneas que se tornou objeto de estudo de teorias como o Pós estruturalismo após a Guerra Fria, momento da proliferação de conflitos étnicos que demandavam reflexões sobre as definições do eu e o outro. As dinâmicas sistêmicas surgidas nesse período levaram os arranjos regionais como a União Europeia a empreender mudanças em seu quadro de membros e organização, intensificando o fenômeno do alargamento. Nesse contexto, destaca-se o longo processo de adesão da Turquia, iniciado formalmente pela assinatura dos Acordos de Ancara (1963), sendo avançado de modo mais significativo apenas em 2005 por meio da abertura oficial das negociações. A possibilidade da entrada turca ao bloco europeu suscitou debates sobre a adequação cultural do candidato. Esses embates envolviam diferentes percepções acerca das identidades turca e européia, provocando uma divisão interna e externa. Internamente, os partidos políticos da sociedade turca se empenharam em definir seu posicionamento na questão. No plano internacional, a UE se dividiu entre os partidários da adesão, como Reino Unido e Suécia, e seus opositores, como França e Alemanha. Essa separação pode ser percebida por meio da análise de discursos de líderes turcos e europeus a ser avançada pelo presente estudo.