A presente pesquisa busca expor aspectos e proporcionar reflexões a respeito das formações de massas humanas e, mais especificamente, pensar as particularidades do lugar ocupado pela figura de liderança nesse fenômeno. Para isso, partiremos de uma exposição detalhada daquilo que ficou conhecido como massa, grupos ou multidões. Em seguida, retornaremos às origens daquilo que ficou conhecido como psicoterapia, tomando como ponto de partida o trabalho realizado por Mesmer a partir de sua terapêutica magnética. Seguindo nesse percurso, abordaremos os caminhos e estudos posteriores das práticas hipnóticas dos reconhecidos Charcot e Bernheim, para depois chegar à formulação da clínica freudiana propriamente. Outra tarefa primordial para esse trabalho será a articulação de conceitos metapsicológicos fundamentais para essa discussão: sugestão, hipnose e regressão. Nosso intuito com esse roteiro é melhor compreender o fenômeno da transferência: desde sua percepção embrionária nos tratamentos mais variados, passando pela técnica psicanalítica até chegar em sua compreensão a partir do fenômeno das massas. Servirmo-nos do trabalho freudiano de 1921, Psicologia das Massas e Análise do Eu, para melhor desenvolver essa explanação e articulação. Escolhemos esse texto, pois, além de trabalhar os conceitos supracitados, também apresenta outro cenário no qual estão presentes vínculos transferenciais, mesmo que em outro contexto e manejados por outro tipo de figura: o líder. Como afirma Freud, o fenômeno da transferência não é exclusivo à psicanálise. Dessa forma, a partir dessa leitura, torna-se possível entrever a relação entre o indivíduo da massa e o líder e a maneira com a qual o último se vale do seu lugar de influência a partir de seus objetivos de dominação e de exercício de poder.