O objetivo desta monografia é analisar os preceitos retóricos da historiografia antiga que Nicolau Maquiavel (1469-1527) aplicou na composição da História de Florença (1521-1525). Na obra percebe-se divergências em relação aos seus predecessores humanistas, porém, elas não representam uma atitude de ruptura com a tradição, mas sim particularidades do autor, que opera com os cânones já estabelecidos de modo criativo, em conformidade com a noção clássica de imitação. As particularidades da abordagem maquiaveliana são fruto, de um lado, da sua interpretação negativa do passado florentino e, de outro, de sua relação com a família Medici. Apesar do modelo greco-latino de escrita da história ser muito amplo, aqui o foco se concentra em sua aproximação com as retóricas deliberativa e epidíctica, na mobilização da ferramenta do éthos e na introdução de discursos atribuídos aos personagens.