O presente trabalho busca investigar o processo de ocupação do Morro da Providência entre as décadas de 1880 e 1920. Localizado na região portuária do Rio de Janeiro, este morro é em geral apresentado como a primeira favela carioca, sendo objeto de produções acadêmicas que evidenciam como ele foi alvo de preconceitos diversos por parte do poder público e da imprensa. Em caminho diverso, esta pesquisa busca analisar a experiência dos próprios moradores do morro em questão, de modo a entender como esses indivíduos deram sentido ao seu espaço de moradia e lutaram contra o processo de estigmatização. Para isso, será investigado o modo pelo qual a imprensa do período tratou daquele espaço – seja em colunas policiais, nas quais se afirmavam estes estigmas, ou em outras seções nas quais os moradores do local afirmavam imagens positivas para o morro, como acontecia em sociedades de finalidade dançante e carnavalesca ali formadas.