Corpo em ruínas: a escrita entre arquivos e o testemunho da literatura. A tese busca investigar o lugar instável da literatura do século XX através de reflexões no entorno de arquivos literários ou através de escritas que exploram o arquivo, assim como documentos, testemunhos e outros vestígios do tempo tomados como artifícios de construção textual, tendo como propósito delinear e problematizar a presença e a ascensão do arquivo na literatura do último século, propondo, por fim, que tal presença se constituirá justamente através de um ambiente literário esboçado ainda em meados do século XIX e aprofundado ao correr do século XX, em direção ao nosso século, ambiente este em que se poderá apontar, diante da falência dos modelos estanques da literatura da Modernidade, a necessidade intrínseca de se buscar, através da escrita literária, um lugar outro para a literatura, através do gesto e do esforço da escrita, trilhando-se, para tal propósito, em três conceitos, mito, melancolia e impropriedade, e um quarto, a utopia, tomada a partir da noção de não-lugar. Para tais objetivos, a pesquisa atravessa por diferentes abordagens os acervos de arquivo e as obras literárias de Fernando Pessoa, de W.G. Sebald e de Pedro Nava, além de obras de Valêncio Xavier, entre outros autores. Como temáticas complementares, a tese encontra a filologia e a crítica textual, a memória e o memorialismo, a escrita de testemunho e a literatura do trauma, a crise da representação e o desvio do realismo ao índice afetivo.