Esta dissertação tem como objetivo analisar o processo de construção da Tragédia da rua Januzzi enquanto um crime sensacional, cuja discussão pública era capaz de mobilizar falas, experiências e projetos de diferentes atores sociais. A morte misteriosa da esposa de um oficial do Exército foi considerada por alguns jornalistas como um crime que causava sensação, constituindo-se como um exemplo das notícias publicadas pela imprensa carioca que possuíam grande receptividade entre o público leitor. No final do século XIX, com o objetivo de atrair o maior número possível de leitores, jornais que até então concediam espaço a debates políticos, sofriam uma sensível modificação nas suas temáticas. As narrativas jornalísticas da Tragédia da rua Januzzi ao serem veiculadas por um dispositivo editorial maciço suscitavam tanto o extraordinário, como se configuram como um meio de reflexão de questões sensíveis à sociedade carioca do início do século XX. A construção de um sistema jurídico de acordo com os valores republicanos e as resistências ao avanço do conhecimento científico no campo jurídico-policial foram temas que perpassaram as notícias da Tragédia da rua Januzzi e que serão objeto de estudo nesta dissertação.