A imigração parece ser o elo mais forte nas relações entre o Brasil e o Japão. Por mais de cem anos, a troca de pessoas entre os dois têm saciado as necessidades econômicas de cada um. Embora esta relação seja concebida geralmente de forma positiva, o presente estudo busca abordá-la sob um ângulo critico. Seu objetivo é explicar a ausência de uma política de integração do migrante na comunidade doméstica de cada Estado. A hipótese cuja correção se pretende verificar é a de que ambos promoveram a imigração por interesses nacionais, enquanto mantiveram ao longo do século um discurso político marginalizador da diferença, tratada como inferior e mesmo perigosa. A perpetuação da oposição binária Eu/Outro repercutiu no nível sub-estatal e desenhou fronteiras internas, dificultando a integração tanto dos imigrantes japoneses no Brasil quanto de seus descendentes no Japão. Esse fenômeno acabou por gerar uma população que se encontra presa em um verdadeiro limbo identitário. Assim, o argumento final do estudo é o de que os tão comemorados cem anos de imigração nipo-brasileira em nada eliminaram a hierarquização da identidade na relação entre os dois países.