Como explicar a contradição das sociedades plurais em lidar com a diferença? Por que a diversidade cultural é tão celebrada e ao mesmo tempo negada na sociedade brasileira? Qual o papel do espaço geográfico nessas temáticas? Formas de desvalorização social são criadas a cada dia, toda a vez que se tenta desqualificar as diferenças que dignamente constituem pessoas e grupos. A geografia cultural se interessa particularmente pela consciência sobre os lugares e pelos papéis que eles desempenham na formação de identidades individuais e coletivas. Nesta abordagem teórica, observam-se como os sujeitos, em interação com o meio geográfico, percebem e questionam suas identidades, sejam elas construídas ou cristalizadas nas representações sobre os lugares e as relações espaciais. Esta pesquisa parte do pressuposto de que toda identidade territorial é uma identidade cultural, definida através do território, ou seja, dentro de uma relação de apropriação que se dá tanto no campo simbólico quanto no espaço físico. Assim, o espaço geográfico constitui parte fundamental dos processos de identificação social. Nesta perspectiva, ao entendermos a escola como espaço de construção das representações, visões de mundo e valores dos educandos/as, as questões sobre identidade e diferença tornam-se fundamentais. Essa pesquisa teve como objetivo central analisar a interação entre a identidade territorial, a origem geográfica, o nosso contexto social pluralista e o cotidiano escolar, na tentativa de contribuir para uma prática pedagógica na perspectiva intercultural. Para tanto foi realizado um diálogo entre diferentes autores, tanto do campo da geografia quanto da educação, acerca do tema pesquisado. Foi realizada ainda uma pesquisa de campo com educandos/as do primeiro e segundo anos do ensino médio noturno de uma escola pública localizada na zona sul do Rio de Janeiro, a fim de compreender a representação desses sujeitos sobre o papel da identidade territorial no cotidiano escolar.