Esta pesquisa procura esclarecer os princípios fundamentais que a Escola de Arquitetura e Design da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso, Chile, vem trabalhando ao longo de sua trajetória, centrando-se nos conceitos de observação e ato de observação, entendidos estes como elementos fundamentais de um processo de transmissão de ferramentas disciplinares e, ao mesmo tempo, como elementos do processo formativo que esta escola propõe. A suposição que se formula nesta pesquisa é que subjacente a estes conceitos encontramos os componentes que permitem esclarecer as dimensões que conformam o ethos da escola, que se funda na relação estabelecida entre arquitetura e poesia, segundo a orientação artística por ela sustentada. Tratamos então de identificar aqueles elementos constitutivos do ethos que assim se evidencia, para então adentrarmos e elucidarmos o ethos que supomos subjacente, e que buscamos na produção discursiva da escola, na transmissão oral, nos textos fundamentais e especialmente no exercício de suas práticas, enfim naquilo que é próprio de seu processo formativo, e que possibilita revelar aqueles aspectos que para esta pesquisa permitem esclarecer um modo de relação entre a disciplina do design e o ethos que a anima. Relação essa, segundo se propõe aqui, fundada na práxis de um modo e ver a realidade, a observação, permeada por isso que chamamos aqui de um ethos subjacente, gerado nos efeitos que essa mesma práxis da observação suscita. Trata-se aqui portanto do tema da formação do Homem, digamos de uma ética humanista de formação, tema próprio da modernidade, que esta pesquisa propõe confrontar com uma perspectiva contemporânea, à luz de uma ética de formação de sujeitos. A questão que está em jogo aqui é a tentativa de elucidar em que medida este ethos, que supomos subjacente às práticas e aos discursos da escola, pode ser aproximado das considerações de Foucault a propósito do ethos grego formulado nos preceitos do cuidado de si, e em que medida este cuidado de si pode ser entendido como um elemento fundamental para a formulação do ethos que esta escola constrói. Esta busca de um modelo de formação próprio desenvolvido por essa escola se enraíza em uma genealogia de pistas filosóficas encontradas em seus fundamentos, tanto explícitos como não explicitados. Se esta escola se funda na busca de um olhar próprio (seu sentido de originalidade), desde o estabelecimento de uma linguagem para a formação de um olhar próprio do sujeito, como podemos conceber para ela um modo de formação que atenda às exigências acadêmicas contemporâneas para reencontrar o sentido de uma formação de sujeitos? E, desde esta perspectiva, o que seria então a observação? Porque supomos que o ato de observação propicia a transmissão do ethos desta escola?