Jovens em Rede: a trajetória de uma investigação

Maria Apparecida C. Mamede-Neves1

Resumo

Este artigo apresenta e discute o trabalho metodológico desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Jovens em rede do Programa de Pós-graduação em Educação da PUC-Rio nas investigações que precederam a pesquisa atual, analisando cada um dos passos que constituíram este percurso. Neste sentido, faz uma análise crítica de como a equipe partiu das questões centrais para chegar aos objetivos pretendidos em cada pesquisa. Descreve, também, a construção de um instrumento de análise especificamente concebido para analisar as matérias veiculadas pela mídia impressa e televisiva, relacionadas aos valores e problemas – campo de problematização moral - da juventude atual, apontados pelos jovens universitários que foram sempre os atores das pesquisas.

Palavras-Chave: juventude; influência da mídia; campo de problematização moral.

Abstract

The article presents and discusses the methodological process used by the Research Group Youth in net belonging to the Pos-Graduated Program in Education of the Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio). In this sense, the article examines each one investigation developed by this group to this moment. In this way a critical analysis is done about how the team gets the main questions to reach objectives pretended in each research. Taking into account the specificities of journalism in some different manifestations – press and television - and the critical position of young university students, the article also discusses the construction of an instrument to analyze themes extracted from these media and investigate the extent to which those themes influence the youth's field of moral problematization.

Key words: youth, media influence, field of moral problematization.

        O estudo do tema central das investigações mais atuais de nosso Grupo de Pesquisa – Jovens em rede2 - não nasceu por si só. Ele foi o desdobramento de uma grande aventura em pesquisa que, pela originalidade de seus caminhos, vale a pena ser descrita.
        Corria o ano de 1998. Não só nessa época, mas desde alguns anos, já era grande o movimento de inúmeras famílias do Rio de Janeiro em buscar um lugar de moradia onde pudessem ter um viver diferente que permitisse fugir da poluição visual, sonora e da violência que já impregnava bairros outrora residenciais e pacatos. Para muitas delas, além dessas razões, a impossibilidade de manter uma casa de campo para seu lazer ou, em as tendo, os inconvenientes das saídas e voltas dos fins de semana também repletos de percalços eram mais um motivo para a eleição de um bairro para moradia que propiciasse um outro estilo de vida e que pudesse atender a esse grande desejo; um lugar de paz. Neste caso, a Barra da Tijuca parecia cumprir todos os requisitos, bairro que até os idos de 70 não passava de um grande areal, apenas com alguns aglomerados construídos, ainda que a origem de seu povoamento se remeta a muitos séculos atrás, a 1644, ano da criação da Freguesia de Irajá, da qual se desmembrou Jacarepaguá em 1661 e à qual pertenciam, outrora, as terras onde hoje se situa a Barra.3
        O melhor “cartão de visita” desse bairro se construiu na promessa de espaço, arborização e privacidade para aqueles que queriam fugir de locais mais movimentados e mais violentos, sendo, portanto, um refúgio seguro. Mesmo pessoas que moraram em bairros considerados de elite, como, por exemplo, Ipanema, advogavam, ao irem morar na Barra, ser um lugar de qualidade, oxigênio e privacidade, com um sistema de vida diferente, em que seria possível caminhar pelas ruas sem a insegurança e a poluição visual de outros lugares.
        O primeiro movimento migratório da Barra foi residencial; posteriormente, surgiu uma grande onda de expansão comercial, desde pequenos centros comerciais a sofisticados shoppings, espaços esportivos e um número cada vez mais crescente de espaços culturais, como cinemas, teatros e casa de mega-espetáculo, além da construção de hotéis sofisticados ser cada vez maior. Talvez sejam os novos estilos de morar, proporcionados pelos condomínios fechados, verdadeiras “ilhas de fantasia” urbanística, e a expectativa de valorização futura os principais atrativos dos imóveis da Barra onde se compensa, na área comum destes condomínios - com jardins, piscinas e play grounds - o espaço interno mais reduzido das unidades habitacionais. Os imóveis residenciais apontavam valorização crescente e os condomínios gigantes, construídos no início da explosão imobiliária, cediam lugar a condomínio de prédios menores, com amplas áreas de lazer, facilidades tecnológicas, centros de recreação e academias de ginástica, estilo arquitetônico esse que, presente no início da expansão da Barra, estava de volta nos anos 90, hoje se espraiando para o Recreio dos Bandeirantes.
        Entretanto, no final daquela década, ao lado dessa visão positiva do bairro, havia também duas grandes considerações negativas: a condição de abrigar uma "sociedade emergente" e a de alimentar a construção de uma mentalidade predominantemente forjada nos princípios da individualidade exacerbada.
        Era senso comum, sobretudo entre pessoas que viviam em bairros mais abastados, que as famílias que vinham residir na Barra seriam, predominantemente, provenientes de camadas sociais que ascenderam economicamente e, conseqüentemente, consideradas como uma "sociedade emergente", que não traz uma estrutura de estirpe em suas histórias de vida e que se forma pelo processo migratório entre os bairros de uma cidade ou entre estados de um país, a partir de demandas que geralmente representam essa ascensão sócio/econômica. Essas sociedades eram e são ainda vistas, pelos grupos sociais tradicionais, como sendo formadas por “novos ricos”, considerados sem tradições, cultura e valores mais "nobres", tendo no dinheiro sua base e, na aparência do ter, seu maior valor.
        Por outro lado, em relação ao segundo ponto negativo apontado acima, constatamos, também, nesses mesmos idos de 1998, uma certa preocupação de muitos educadores que atuavam nas escolas da Barra de que a mentalidade individualista e egocêntrica era assumida pelos jovens que ali residiam e que, de certa forma, refletia o modo de pensar e de viver de suas famílias. A idéia de uma possível desarticulação entre o mundo em que vivemos, pleno de informações e recursos tecnológicos, e uma pobreza de comunicação que existiria entre os jovens da Barra estava sendo muito apontada por esses educadores que viam essa “sociedade emergente” como lócus primordial da presença dessa desarticulação. Para eles, isso estaria acontecendo nesse espaço de estilo "hollywoodiano" em que havia se transformado a Barra da Tijuca.
        Mas, por que todo este panorama social nos tocava mais agudamente?
        Na verdade, todas essas questões já vinham, de certa forma, há algum tempo sendo pensadas por nós como um bom tema a ser pesquisado, porque era nossa grande preocupação, dentro do campo da Educação, a dimensão social da construção do juízo moral, o que não deve ser confundido com moralidade nem moralismo. Mas duas pesquisas sobre migração intra-urbana realizadas no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma sobre a dinâmica imobiliária e estruturação intra-urbana no Rio de Janeiro4 e outra sobre desigualdades sócio-espaciais na metrópole do Rio de Janeiro5 , foram realmente essenciais nessa decisão de estudar o fenômeno Barra à luz dos estudos teóricos sobre o campo de problematização moral, já que mostravam que o senso comum em relação à origem dos moradores constituintes da expansão da Barra não estava empiricamente comprovado. Ou seja, essas pesquisas desabonavam a idéia de que, a sociedade da Barra seria composta predominantemente de famílias suburbanas em busca de maior status!
        Foi, assim, então, que, exatamente neste ano de 1998, decidimos encetar uma grande investigação que tomasse como ponto de partida o pensar sobre os valores e problemas deste jovem da Barra, em confronto com os valores e problemas do jovem que residisse nos bairros de origem desses jovens.
        Era claro para nós quão instigante isso se constituía, mas o desafio que tínhamos pela frente estava no "como" realizar o trabalho, que jovens seriam os mais adequados para serem ouvidos e, principalmente, como ter acesso a eles.
        Por constituirmos um grupo de pesquisa da PUC-Rio, pensamos que os alunos desta universidade seriam o grupo que buscávamos, se pudéssemos saber qual era a sua origem de suas moradias e se esta distribuição abrangesse significantemente não só a Barra, mas uma gama considerável de bairros do Rio.
        Os resultados deste mapeamento inicial foram um sinal verde e, assim, estava dada a partida para uma grande aventura investigativa que nos levou a muitos caminhos que se cruzaram e se desdobraram.
        Até os dias de hoje, ano de 2005, em todas os estudos que foram ou estão sendo realizados por nós, o jovem ouvido foi sempre o jovem universitário. E o chão de nosso trabalho foi a PUC-Rio, porque seus alunos realmente apresentavam, e apresentam cada vez mais, a diversidade de origem que tanto buscávamos.
        Se precisávamos de um cenário e de personagens para nossas andanças investigativas, precisávamos também de parceiros de caminhada. Inicialmente, tivemos, pelo menos, dois: um, presente e atuante até hoje, que nos possibilitou uma sólida construção empírica, dando-nos a consultoria que precisávamos, nosso colega Fernando Vidal, na época Pesquisador do Centro de Pesquisas Jean Piaget de Genebra e atualmente Pesquisador do Instituto Max Plank para Ciências Sociais de Berlim; um outro, o autor Josep Puig que, com suas idéias expressas em suas obras sobre a construção do campo da problematização moral6 , nos deu a base teórica inicial necessária.
        Desse modo, seguimos em frente, certos de que toda pesquisa, seja ela de abordagem quantitativa ou qualitativa, traz para o pesquisador a busca incessante do desvelar de questionamentos e inquietações das ocorrências e recorrências de fatos e fenômenos sociais. É fácil imaginar a possibilidade de multiplicação que estas inquietações e questionamentos podem ter, ao misturarmos estratégias de abordagem quantitativa com qualitativa; educação com psicologia e comunicação; doutores, mestres e graduandos com metodologias e técnicas diversificadas; muita curiosidade e persistência para aprofundar os temas abordados, desdobrando-os de forma natural a cada estudo investigado, num fluxo contínuo de pesquisas que, de forma multidisciplinar, tenta desvelar seu modelo complexo. Pois foi assim que aconteceu.

  • A "pesquisa-mãe"
  •         Nasceu a investigação "A construção do juízo moral em grupos de jovens pertencentes a 'sociedades emergentes' – um estudo na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro", a primeira pesquisa realizada pela equipe, carinhosamente chamada de "pesquisa-mãe". Nela, buscamos saber, através de questionários, como os jovens da PUC-Rio percebiam a formação dos valores sociais, bem como quais seriam para eles os problemas que circundavam a juventude na atualidade.
            Apesar de ter sido adotada nessa investigação uma abordagem quantitativa, no questionário que foi apresentado aos jovens havia espaço para tecerem os comentários que quisessem sobre os valores e os problemas da juventude atual, o que foi muito bem aproveitado por eles. O resultado disso foi a possibilidade que tivemos de obter não somente dados sob a forma de múltiplas tabelas que se cruzaram e se desdobraram em gráficos, bem como um conjunto de depoimentos tão ricos que nos incitou a uma leitura atenta de tudo que eles diziam.
            Claro que, além de ter sido possível realizar o tão esperado estudo comparativo entre o posicionamento dos jovens da Barra e os de outros bairros do Rio de Janeiro, foi no exame das respostas dos jovens e de seus depoimentos que encontramos um primeiro dado importante e altamente significativo para o prosseguimento de nossas andanças: uma articulação incrível entre valores e problemas.
            Na verdade, vimos que a análise qualitativa do conjunto de valores e problemas apontados pelos jovens ouvidos ia muito além de uma simples lista de opiniões; ela punha em destaque a dificuldade de encarar a multiplicidade de opções sócio-morais disponíveis e delineava diferentes articulações entre os problemas e os valores. E mais do que tudo, os núcleos de valor, quando estudados junto com o núcleo de problemas, constituíam os campos de problematização moral, conceito tão defendidos por Puig.
            Quando essa "pesquisa-mãe" não confirmou a idéia de que nessa sociedade da Barra considerada "emergente" imperava valores e problemas diferentes de outros bairros da mesma cidade e quando a análise das respostas dos jovens, em nível de seu conteúdo detalhado, mostrou a interdependência e a articulação entre valores e problemas dentro da construção do julgamento, formando "campos de problematização moral", caiu por terra, pelo menos dentro de nosso quadro empirico, a idéia da existência única de valores universais e transcendentes, outorgando ao contexto cultural uma importância muito mais significativa do que se havia imaginado.7
            E mais! Esta conclusão abria caminho para uma outra importante questão; levantávamos a hipótese de que muitas das respostas dos jovens poderiam estar, em parte, influenciadas pelas notícias divulgadas pela mídia no momento do preenchimento do questionário, idéia essa que, aliás, era compartilhada com muitos dos jovens que ouvimos. Depoimentos que acompanhavam alguns questionários colocavam explicitamente a Mídia como sendo uma das instituições sociais que mais interferiam e influenciavam na construção (ou desconstruçãos) dos valores da Juventude. Por outro lado, quando estávamos encerrando a pesquisa, verificamos que os temas abordados pelos depoimentos daqueles jovens ouvidos mostravam flagrante consonância com os assuntos ou temas mais relevantes encontrados em pesquisa realizada pela ANDI/IAS/UNESCO sob o título "Os jovens na mídia"8 .
            Deste modo, estava encetada a segunda pesquisa.

  • Chegando ao que buscávamos
  •         As pistas levantadas e as hipóteses que sobre elas podíamos tecer mostravam que tínhamos em mãos uma grande questão que merecia ser investigada, qual seja, quais seriam os tipos de veículo de informação que realmente atingiriam o jovem e o influenciariam numa tomada de posição dentro do campo do juízo moral.
            Por outro lado, achávamos que para minimamente tentar responde-la, seria muito importante sabermos, no momento em que o jovem nos deu, ou está dando, as suas opiniões, quais eram, ou são, as manchetes dominantes da mídia. Nesse caso, por mais que estivéssemos adotando os campos de problematização moral como referência para o nosso trabalho, a partir do momento em que optamos por direcionar o nosso olhar para o estudo das possíveis relações entre a construção desses "campos" e a força da mídia, ficou ainda mais nítido o desenho multidisciplinar da nossa investigação que se complexificava cada vez mais, pois iria exigir estratégias metodológicas diversificadas para cada mídia a ser estudada. Foi assim que a fronteira até então entre Educação e Psicologia se alargou para açambarcar um outro campo: o da Comunicação.
            Iniciava-se, assim, no ano de 2000, a segunda grande pesquisa do grupo, que se ocuparia em investigar os "Campos de problematização moral do jovem e a influência da mídia", sendo que, a partir desta data, a equipe passou a contar também com Rosália Duarte professora doutora do Departamento de Educação da PUC-Rio e sua equipe e com o pesquisador Ernani Ferraz, professor doutor da Faculdade de Comunicação da UFJF.
            Na impossibilidade de pesquisarmos todos os possíveis tipos de Mídia, decidimos, na época, privilegiar o jornal impresso. Mas por que esta escolha?
            Na verdade, consideramos com Caldas (2002) que o jornal impresso é elemento importante na construção das estruturas sociais de uma pessoa, na medida em que exerce um papel de confiança na sociedade e que, ao menos em teoria, o jornal possui, como função, retratar os fatos como ocorreram. Ao trazer a voz de especialistas a opinarem sobre as principais notícias e por ter ligação direta com fontes como institutos de pesquisa do país e do mundo, apresenta-se como porta-voz da ciência, da política e da sociedade. Concordamos também com este autor ao afirmar que, quando alguém fundamenta seus comentários dizendo “deu no jornal”, está se apoiando no valor do veículo impresso - um documento, uma fonte de consulta - que se espera séria e confiável e, mesmo que surjam novas tecnologias para a divulgação de informações, o jornal sobrevive porque seus caminhos são outros, trazendo os fatos contextualizados em campos mais abrangentes, trazendo ainda pesquisa e opinião. “No dia seguinte estarão em suas páginas, ao lado das fotos e da manchete alarmante, os primeiros acordes de uma longa discussão (...) abrindo um debate de idéias como só a imprensa escrita pode proporcionar” (Caldas, 2002:21).
            Isso posto, é importante que descrevamos um pouco que caminhos metodológicos foram tomados naquele momento da investigação e que permitiram a tarefa de tentar relacionar os depoimentos de jovens e o que se publicava na época em que a pesquisa-mãe foi realizada.
            Considerando que o Jornal O Globo era o de maior circulação no Rio de Janeiro e, em especial, entre os alunos da PUC-Rio, partimos para examinar todos os seus exemplares diários no período de três meses, dois imediatamente anteriores e o do mês em que se deu a consulta que havíamos realizado na "pesquisa-mãe", o que foi conseguido na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Essa redução a um só jornal, no caso O Globo, não foi vista como algo que prejudicasse a pesquisa porque, em verdade, pelo menos nos tempos atuais, os jornais apresentam uma certa linearidade na publicação de matérias diárias e porque as diferenças decorrentes da editoria responsável e da linha jornalística adotada seriam alvo de nossas observações. Ou seja, em geral, os temas não diferem entre si; apenas encontram-se, algumas vezes, postos em destaque de formas diferentes. Neste caso, a evidência desse ou daquele tema parece manifestar-se na diagramação das matérias, sendo mais ou menos visíveis em determinados jornais impressos, de acordo com o público que pretende atingir. É importante lembrar que o texto não é apenas a redação (corpo) de uma notícia, mas, também o são, as manchetes, as ilustrações, os gráficos, as fotografias, incluindo-se as suas legendas.
            Para atingirmos nossos objetivos, foram examinados todos os microfilmes das edições compreendidas no período considerado, com o objetivo de localizar todas as matérias que tratassem de temas relacionados aos levantados pelos jovens, reproduzidas em sua íntegra, assim como também foi fotocopiada a primeira página de todos os exemplares. Isso exigiu um período de trabalho mais longo do que o previsto, pois as reproduções tiveram que ser realizadas em uma outra biblioteca e dependiam de máquinas copiadoras nem sempre em funcionamento.
            Devido a essa dificuldade operacional, enquanto iam se acumulando pilhas de matérias fotocopiadas, nos dávamos conta da necessidade urgente de construir uma metodologia para análise das matérias, a partir de alguns pontos considerados fundamentais no campo da comunicação.
            A grande dificuldade que tivemos foi pensar como seria possível realizar o estudo sobre o jornal de forma a iluminar alguns elementos na sua estruturação que pudessem estar sendo elementos de influência na formação de uma opinião. Claro que, em nossos levantamentos bibliográficos, encontrávamos autores do campo da lingüística, muito reconhecidos em suas áreas (Pêcheux, Bardin, Orlandi, entre outros), que utilizam a análise do discurso, de forma bastante criteriosa, para trabalhos com materiais impressos em geral e jornais. Mas a metodologia adotada por esses autores é muito específica e não atingia exatamente os objetivos do nosso trabalho. Afinal, o que nos interessava era a mídia como possível fonte alimentadora dos campos de problematização moral e não um estudo minucioso sobre o jornal enquanto veículo ou sobre o discurso somente.
            Assim sendo, por que não realizar adaptações especificamente para o que precisávamos? O que faríamos com todas aquelas notícias, fotos e quadros que davam corpo aos mais variados temas também citados pelos alunos? Quais critérios poderiam ser utilizados para suas classificações? Teríamos que contar por temas? Agrupar as imagens? Na verdade, antes de tudo, teríamos que reler todas as notícias para que pudéssemos classificá-las. Foi o que fizemos!
            Para tal, nosso roteiro de leitura foi constituído por alguns pontos nodais. Partindo de estudos que fundamentam a diagramação9 , ou seja, de como se faz o esboço prévio da disposição dos elementos que compõem cada página de um jornal, tais como fotografias, títulos, textos, ilustrações, anúncios etc., observamos que a importância da diagramação de um jornal ultrapassa o propósito de uma apresentação estética, pois também considera as circunstâncias, objetivos e motivações da publicação. Diagramar é esboçar previamente a disposição dos elementos que compões cada página de um jornal, como fotografias, títulos, textos, ilustrações, anúncios etc.
            Assim sendo, a construção metodológica para análise das matérias decupadas, inicialmente, teve sua atenção dirigida à composição visual: distribuição do texto, ilustrações, títulos e elementos gráficos. Ou seja, centrou-se em torno de quatro elementos considerados básicos na diagramação: o corpo de texto e agrupamento de frases e períodos, a codificação icônica do texto imagético, os espaços preenchidos e vazios da página e as linhas de composição tipográficas que formam os boxes e destaques de materiais e anúncios. Nesse sentido o tamanho da matéria publicada era relevante.

            Levamos em conta, também, que as características do receptor geralmente são consideradas: idade, sexo, cultura, etc. e que de igual modo, na produção do material impresso, a intencionalidade é relevante.
            Vimos que fotos e ilustrações são componentes importantes para atração do leitor ao conteúdo do jornal e, aliadas ao posicionamento correto na página, são passos importantes para o sucesso gráfico de um tablóide. Em geral, devem conter a essência da mensagem, traduzindo o conteúdo do texto e registrando um instante da ação. (Collaro, 1987; Sodré 1985) Como foi importante reconhecermos que as fotos podem conter o âmago da mensagem; podem permitir que seu conteúdo mais do que "lido", seja "visto" auxiliando, assim, a "decifração mais fácil para os leitores de diferentes níveis culturais"!!!
            A fotografia, ultrapassando a função ilustrativa, é utilizada também como um documento em si. Esse ponto de vista aparece nas palavras de Debray, quando questiona: “o que a gelatina foto-química mudou? Tudo. E não somente nossas percepções visuais. Abalou nossa concepção de verdade e de autoridade, nossa prática cotidiana de espaço e tempo (...) a guerra, a imprensa, a atualidade (...)" (Debray, R. 2003 p. 130).
            Aliás, também constatamos em nossos estudos que nem sempre a mensagem escrita tinha estreita relação com a imagem; se algumas vezes esta dava suporte, reforçando o texto escrito, em outras, ela não lhe correspondia; algumas vezes o ironizava ou mesmo o desmentia. Assim, a fotografia se apresentava, também, como um texto visual de destaque nas manchetes dos jornais, concorrendo com o texto escrito na difusão das mensagens da “notícia do dia”. Neste ponto é interessante trazer o que diz Burnet (Burnet apud Feldman-Bianco, B. e Moreira Leite, M. 2001):

    “As imagens visuais parecem conter não somente mensagens, mas também os mapas necessários para compreender essas mensagens. No momento em que se realiza um tipo particular de investimento na imagem, o contexto da comunicação adquire um significado cada vez maior. O resultado é um tipo diferente de imagem, que depende da especificidade cultural e da história local” (p.12).

            A foto reproduzida no jornal pretende atingir um determinado leitor, considerado por nós como o "espectador",que Aumont (2000) apresenta como “aquele sujeito que olha a imagem, aquele para quem ela é feita” Em relação a esse espectador, ele acrescenta:

    "... jamais tem, com as imagens que olha, uma relação abstrata, ‘pura’, separada de toda realidade concreta. Ao contrário, a visão efetiva das imagens realiza-se em um contexto multiplamente determinado: contexto social, contexto institucional, contexto técnico, contexto ideológico. (...) fatores “situacionais” (p.14).

            É ainda Aumont, na mesma obra, quem afirma que

    "...em todas as sociedades, a maioria das imagens foi produzida para certos fins(de propaganda, de informação, religiosos, ideológicos em geral). (...) uma das razões essenciais da produção das imagens: a que provém da vinculação da imagem em geral com o domínio simbólico, o que faz com que ela esteja em situação de mediação entre o espectador e a realidade"(p.78).

            Não podíamos, pois, nos esquecer que as imagens não são publicadas aleatoriamente; existe uma seleção que, naturalmente, não é "inocente", porque uma das funções da imagem no jornal é a de estabelecer um determinado impacto no leitor. Portanto, a seleção desta ou daquela fotografia, charge ou ilustração é intencional.
            Por outro lado, ainda com a função de atrair a atenção do leitor, existe a presença ou não de boxes, bem como o uso de ilustrações e gráficos. Assim sendo, consideramos três possibilidades de veiculação da mensagem num jornal:

            Um outro ponto que não podíamos desprezar, pela influência que exerce na atenção do leitor, é a localização da matéria. Tomando como referência um eixo horizontal imaginário, ao nível dos olhos, as matérias localizadas acima do eixo ficam mais em evidência; um outro eixo, esse vertical e ao longo da dobra do jornal, contribui para que o leitor concentre-se mais no lado direito, ou seja, nas páginas de numeração ímpar.

            Todos esses itens foram levados em conta quando examinamos as matérias publicadas, ou seja, quanto à sua estrutura visual, levamos em conta os seguintes indicadores: Localização da matéria no jornal, Tamanho da Matéria (grande, média, pequena); Com ou sem foto e, Com ou sem boxe.
            Com o objetivo de salientar quais os temas que estavam sendo veiculados com maior ênfase no jornal, foi adotado o item “Editoria” dentro da categoria "Temática". Partimos do pressuposto que as matérias publicadas na capa possuem maiores chances de chamar a atenção das pessoas, para que leiam todo o conteúdo do jornal, partes dele ou somente as chamadas. Isto porque há uma grande oferta de bancas de jornal por toda a cidade, nas quais os mesmos ficam expostos diariamente com as novas manchetes e lê-las, mesmo que apressadamente, a caminho da universidade ou do trabalho, é uma forma do jovem atualizar-se, de inteirar-se, ainda que superficialmente, sobre principais acontecimentos do momento em que vive.
            Esse ponto da pesquisa abriu uma via para, já em 2003, nos grupos de discussão que se realizaram tendo como tema central "como os jovens lêem o jornal" e dos quais falaremos mais adiante, verificar as possíveis influências das editorias sobre os campos de problematização moral. Dizendo de forma mais simples, o que desejávamos saber é com quais editorias os jovens teriam mais familiaridade em acompanhar, ou quais seriam lidas com mais freqüência por eles ou, ainda, as que mais despertariam seu interesse. Com isso, estávamos tentando perceber se, aos olhos os jovens, havia uma possível influência do que está sendo discutido na mídia sobre suas próprias posições.10
            Ainda sobre a função que cumpre o jornal, pensamos que, buscando atingir a todos os indivíduos da sociedade, a aparente finalidade da informação seria a de orientar ou reorientar a experiência vivida pelo receptor em sociedade. A informação, em sua função política, deve, assim, ser analisada tendo em vista as intenções do comunicador e não apenas em termos estéticos, neste caso condicionando as relações entre o produtor da obra e o consumidor, o que gera uma mensagem bastante específica. (SODRÉ, M. 1985 p.19)
            Desse modo, para o item "intencionalidade" dentro da categoria "estrutura narrativa", foram estabelecidos, como indicadores prévios, os encontrados na pesquisa-mãe. Durante a análise, houve a necessidade de redefinição ou, eventualmente, do desmembramento ou agrupamento de alguns desses indicadores devido a algumas dificuldades que tivemos em relacionar algumas matérias aos indicadores. Foram estes os indicadores de intencionalidade que acabaram norteando a análise:

            É importante frisarmos que a escolha pela definição de indicadores para o controle da suposta "intencionalidade" do jornal, nesse caso, foi tomada relacionando-se com a tentativa de se obter a possível "visão invertida" sobre a mídia – ou seja, não mais a visão dos “receptores” das mensagens, mas a dos bastidores – local onde são abrigados os produtores das notícias. Defendíamos a idéia de que isto permitiria perceber a variação do peso que os temas recebem, de acordo com a entonação atribuída, ou seja, de acordo com a intencionalidade com que forem divulgados. E isso foi muito bom.
            Quanto ao impacto de cada notícia, resolvemos constituir um grupo de juízes composto com base na sua heterogeneidade que parecia garantir o balanceamento das posições e poderia diminuir a inexorável subjetividade dessa análise: jovens e adultos de diferentes idades, graduandos, graduados, mestrandos e doutorandos, além de professores doutores. Cada um desses juízes atribuiu valores numéricos a cada matéria, de acordo com o impacto causado em si mesmos, sendo cada uma das notícias analisada por, pelo menos, dois elementos do grupo.
            As alternativas que oferecemos ao corpo de juízes foram as seguintes:

            Os resultados obtidos neste item mostraram-se interessante muito mais porque salientou as diferentes interpretações das matérias publicadas e porque ratificou a idéia de que certos assuntos permanecem impactantes, mesmo que o leitor esteja afastado da notícia alguns anos, ou seja, mesmo quando a matéria está sendo lida e apreciada após anos de sua publicação, como foi o nosso caso. Mas, no fundo, tendo em vista que eram lidos e classificados por tema, acabaram por, em alguns casos, ficarem banalizados e, deste modo, os resultados obtidos com esta análise não se prestaram tanto aos objetivos pretendidos inicialmente.
            Enfim, tendo por base todos os pontos que descrevemos acima, formamos um conjunto de quatro itens de análise, os quais, com pequenas alterações em sua abrangência, foram mantidos até o final da pesquisa sobre o jovem e a mídia impressa:


    Principais tópicos de análise das matérias extraídas dos jornais

    1. VISUAL [LAY OUT]

      • Tamanho da matéria;

      • Tamanho da manchete;
      • Página onde está, se par ou ímpar;
      • Diagramação, estrutura (relação texto, imagem, gráficos, charges, etc.).

    2. TEMÁTICA [enderaçamento]
      • Do que se trata, o que é;
      • A quem se dirige, para quem está falando;
      • Editoria (economia, cidade, ciência, esportes, etc.).

    3. ESTRUTURA ‘NARRATIVA’
      • Nível de complexidade da linguagem utilizada;
      • Estrutura gramatical (frases curtas ou longas), parágrafos;
      • Grau de posicionamento ideológico
      • Intencionalidde, objetivos.

    4. IMPACTO PESSOAL
      • Impacto causado pela matéria no corpo de juízes
            Na verdade, quando a equipe terminou a análise das matérias publicadas nos jornais usando esta metodologia, teve a certeza de sua robustez. Embora cientes de que essa opção metodológica pode - e deve - ser aperfeiçoada e expandida, consideramos que sua relevância ficou ratificada no exercício da investigação e, sobretudo, forneceu pistas para novas propostas de análise da mídia impressa. Através dela, conseguimos uma gama muito grande de resultados que, recebendo tratamento estatístico, confecção de tabelas e gráficos, possibilitou a comparação crítica das informações obtidas na mídia escrita com os achados da "pesquisa-mãe". 11

  • frente a frente com os universitários
  •         A esta altura, já estávamos no segundo semestre de 2003 e, com os resultados em mãos que relacionavam as matérias publicadas no jornal com os depoimentos dos jovens na "pesquisa-mãe", sentimos que era preciso dar mais um passo, agora no sentido de refinar a análise de alguns dados que tinham ficado em evidência. Era preciso, sobretudo, compreender melhor como se dava a percepção do jovem em relação ao papel do jornalismo, fosse ele impresso ou televisivo.
            Para isso, precisávamos estar diretamente em contato com os jovens. Mas como fazer isso?
            Resolvemos, então, para realizar esta etapa, lançar mão de uma técnica de pesquisa que coleta dados por meio das interações grupais, tendo como pano de fundo a discussão de um tópico especial sugerido pelo pesquisador – a técnica de grupos focais, nos termos propostos por Morgan, David (1997).
            Pela suas características, o grupo focal fica em uma posição intermediária entre a observação participante e as entrevistas em profundidade e pode ser caracterizado também como um recurso para compreender o processo de construção das percepções, atitudes, e representações sociais de grupos humanos em contextos particulares. (Veiga, L. e Gondim,S. 2001 e Fern, Edward 2001) . Por ser estruturado com ênfase nos processos que emergem nas situações grupais, ou seja, no jogo de interinfluência da formação de opiniões sobre um determinado tema, a unidade de análise não é o sujeito do grupo mas o próprio grupo. Se uma opinião é esboçada, através da verticalidade de um dos participantes, vai ser sempre considerada como expressão da horizontalidade do grupo; ou seja, mesmo que não seja compartilhada por todos, para efeito de análise e interpretação dos resultados, a opinião emitida é referida como sendo expressão do grupo. Era, portanto, este o instrumental que precisávamos!
            Fizemos vários grupos focais12 , com jovens de três centros acadêmicos da PUC-Rio13 e um com jovens estudantes estrangeiros; um conjunto deles foi realizado ainda no segundo semestre de 2003; outro conjunto foi realizado em 2004, tratando mais especificamente da recepção dos Telejornais e buscando entender não apenas as ações da mídia e suas estratégias de captura da audiência mas, em especial, as representações que este pólo da recepção, no caso os alunos da PUC-Rio, fazia do telejornalismo brasileiro.14
            Nos dois momentos utilizamos, para registro da experiência, a gravação em vídeo que, além de possibilitar o registro fiel dos discursos verbais e movimentos corporais dos participantes, se presta também para a avaliação por parte de outros pesquisadores que não tenham estado no campo, ficando, portanto, mais isentos de uma possível contaminação quando da análise dos dados coletados.
            Formando conjuntos de alunos dos diversos cursos de graduação da PUC-Rio, numa espécie de reunião coletiva, em que todos podiam expressar e discutir seus pontos de vista a respeito da mídia jornalística e da sua possível influência nos valores e nos problemas de nossa sociedade, ou colocar suas vivências de como lidavam com essa mídia, os grupos focais foram espaços privilegiados que nos permitiram compreender o quanto se confirmava o que havíamos encontrado até ali. Os jovens ouvidos nos grupos focais apontaram uma forte articulação entre as temáticas veiculadas no jornal impresso ou televisivo e os valores e problemas vistos pelos universitários como sendo as malhas do campo de problematização da juventude atual. 15
            E eles não se portaram de forma passiva diante das mensagens midiáticas, uma vez que eles as re-elaboravam conforme seus padrões, conceitos e pré-conceitos; não as consideravam como verdade absoluta, pois tinham consciência de que suas posições recebiam influências e/ou interferências de outras instituições sociais reconhecidas como a família, igreja, escola, amigos etc.
            Apesar de não lerem continuamente o jornal impresso, mas o fazendo quase como que zapeando, viam no jornal impresso uma fonte ainda creditada.
        Um bom exemplo disso está na fala de um jovem:

    Eu não leio ele todo, eu dou uma folheada, porque é antes de eu vir para a PUC. Eu não consigo sair de casa sem dar uma olhada... eu preciso saber pelo menos o que está acontecendo, porque eu saio muito cedo e só chego à noite, então eu dou uma folheada, vejo as notícias mais importantes, o que me interessa, o que eu acho que é importante, porque talvez o que seja importante para mim não seja para a outra pessoa e leio a matéria da capa, 2° caderno, Esportes (Grupo focal de Pedagogia PUC-Rio 2003).

            Na verdade, eles tomam conhecimento da notícia inicialmente pelo jornal da TV, ratificam-na pelo jornal impresso e completam o conhecimento dos fatos indo ao jornal on line, problematizando as notícias nas rodas de amigos, colegas ou entre familiares.
            Assim sendo, ficou nítida a idéia que a possível influência de determinada notícia, chegada ao jovem seja através do jornal impresso ou de qualquer outra mídia, vai estar sempre filtrada por um juízo de valor que se constrói em função de sua inserção na sociedade, isto é, segundo o que tange a sua situação pessoal e ao seu grau de interesse, forjados em função do entorno em que vive, ou seja, do seu contexto.

  • Iniciando um novo navegar
  •         Corria 2004 e a pesquisa sobre o jornal impresso, ao mesmo tempo em que chegava ao fim, ela mesma fez emergir um importante tema para uma nova investigação, prevista para os próximos três anos. A relação do jovem com a mídia impressa jornalística, que se tornara o seu real objeto de estudo, deu a oportunidade de analisar uma gama muito grande de dados e, dentre eles, foi constatada a importância, para o jovem de hoje, de uma outra forma de processo midiático, que avançava para além do jornal impresso: o jornal on line. Ele foi citado de forma significativa pelos jovens ouvidos, entre outras possibilidades (também usadas por ele), oferecidas pela Internet. Ou seja: o ator de nossas pesquisas elegia a Internet como o espaço privilegiado de construção de seu conhecimento, de possibilidade de encontro, de comunicação e de lazer.
            Foi, portanto, como conseqüência do que encontramos nesse caminho investigativo que chegamos ao tema central desta nova investigação: a relação do jovem com a Internet e a possível influência desse poderoso canal de comunicação sobre suas próprias posições diante do mundo.
            Quando pretendemos estudar a representação da Internet e seus significados na cultura midiática pelo olhar de jovens (no nosso caso, universitários), estamos admitindo a investigação de múltiplas apropriações e interações realizadas por eles. Estamos propondo estudar a Internet, considerando-a quanto a seus objetivos e freqüência de uso, seu alcance, sua influencia no cotidiano e à sua apropriação por esses jovens, tanto no que se refere à sua complexidade quanto ao seu significado.
            Tomando a Internet como um objeto polissêmico, entendemos que chegaremos a conjuntos de representações, já que é no campo de representações que se constituem as apropriações do sujeito do seu entorno, neste caso admitindo existir, como Wilmer (2002), uma correspondência topológica, um homeomorfismo entre a realidade exterior do indivíduo e a sua "representação-de-si-no-mundo".
            E mais: estaremos sendo guiados por uma grande pergunta: Por que a Internet parece se mostrar como um universo simbólico tão atraente, principalmente aos jovens?
            Será porque a Internet oferece trilhas que incentivam a curiosidade humana e acendem sua paixão de aprender e o desejo de conhecer, desejo este que, pela sua essência, é uma representação que ocupa o lugar da falta, sentida não como cobrança do que não se tem, mas como uma força que impulsiona a seguir nos links que vão se desdobrando, numa aventura que dá a ilusão de infinitude?
            Ou será porque permite o estabelecimento de redes simbólicas de acordos e de estabelecimento de relações que minimizam a solidão, ainda que dentro da fluidez de suas malhas provisória?
            Com estas indagações, recolhemos nossas âncoras e nos propomos a mais um navegar...

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    Os jovens na mídia, publicação digital capturada no site www.andi.org.br em 2000

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    Wilmer,Celso (2002). Desemprego e auto estima: uma tentativa de desenvolvimento, Rio de Janeiro: PUC-Rio, Tese de Doutorado em Educação.











    Agradecimentos especiais a Ana Valéria de Figueiredo; Flávia Nízia da Fonseca Ribeiro Stella Maria P. de Azevedo Pedrosa, doutorandas do Programa de Pós-graduação em Educação da PUC-Rio e Ilana Eleá Santiago Werneck, mestranda em Educação do mesmo programa, sem as quais teria sido impossível a produção deste texto.


    NOTAS
    1Maria Apparecida C. Mamede-Neves é Livre Docente em Psicologia e Professora Titular do Departamento de Educação da PUC-Rio.
    2Ver a descrição deste grupo de pesquisa, apoiado pello CNPq em www.jovensemrede.net
    3Uma ampla descrição deste bairro pode ser apreciada em Gonçalves, L. A. (1999) Barra da Tijuca, o lugar Rio de Janeiro: Thex.
    4A pesquisa de SMOLKA, M. (1989) O. Dinâmica imobiliária e estruturação intra-urbana: o caso da cidade do Rio de Janeiro. Relatório de Pesquisa, IPPUR/UFRJ.
    5LAGO,L.C. (1998) Estruturação urbana e mobilidade espacial: uma análise das desigualdades socioespaciais na metrópole do Rio de Janeiro. Tese de doutorado, USP.
    6A obra de Puig mais pertinente ao tema aqui estudado é A construção da personalidade moral, São Paulo: Ática 1998.
    7Os resultados desta investigação estão publicados em Mamede-Neves, M. Apparecida e outros (2003) Problemas e valores apontados por jovens universitários pertencentes a sociedades emergentes: um estudo sobre a Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Revista Alceu v. 4 n.7, jul./dez. 2003 p. 164-195.
    8Os jovens na mídia, publicação digital capturada no site www.andi.org.br em 2000.
    9Apoiamo-nos principalmente em Silva, R. S. (1985) Diagramação - o planejamento visual gráfico na comunicação impressa. São Paulo: Summus; Rabaça, C. A.e Barbosa, G. (1978) Dicionário de Comunicação, Rio de Janeiro; Erbolato, M. L.(1981) Jornalismo gráfico. São Paulo: Loyola.; Silva, R. S.(1985) Diagramação - o planejamento visual gráfico na comunicação impressa. São Paulo: Summus, p. 41 e Colaro, A. C.(1987) Projeto gráfico: teoria e prática da diagramação. São Paulo: Summus.
    10Este eixo da pesquisa foi desenvolvido tomando-se como base a metodologia dos Grupos Focais; todo o seu caminhar está registrado no artigo de Mamede-Neves, M.A.C., Santiago,I.E. e Berton,J. O jornal na ótica de jovens universitários,Vertentes: Revista da UFJF, n. 24, jul/dez 2004, p.96-113.
    11Os resultados desta análise estão relatados na obra Mamede-Neves, Maria Apparecida C. e outros O jovem e o jornal, 2005, no momento em fase de editoração.
    12Todos os grupos focais realizados tiveram a coordenação do Prof. Pesquisador Ernani Ferraz, Dr em Comunicação e membro de nossa equipe.
    13Centro de Tecnologia e Ciências (CTC), Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH) e o Centro de Ciências Sociais (CCS).
    14Os resultados desta investigação estão publicados em Ferraz, E. (2005) Recepção universitária: um estudo o Jornal Nacional, Revista Alceu v. 5 n.10 jan/jul 2005 p. 201-214
    15Os resultados desta pesquisa estão relatados na obra Mamede-Neves, M. A. e outros O jovem e o jornal, 2005, no momento em fase de editoração.