JOVENS ESTUDANTES DO RIO DE JANEIRO: hábitos, valores e expectativas segundo o prestígio de suas escolas1
Marcio da Costa (Professor Adjunto – Faculdade de Educação/UFRJ)

Palavras-chave: juventude – valores / juventude – hábitos / expectativas de futuro / valor da educação


        Recentes discussões sobre o assim chamado “efeito-escola”2 chamam atenção para o valor e a capacidade da instituição em alterar previsões acerca da trajetória escolar e, presumivelmente, social de sua clientela. Em meio ao acentuar das discussões sobre desigualdade social, diante de um quadro em que esta parece não arrefecer, há como um revigoramento dos apelos por que as escolas – os sistemas escolares – cumpram papéis destacados no enfrentamento da desigualdade social. Do ponto de vista específico da sociologia da educação, temos nos atido a uma problemática fortemente associada à discussão mais ampla sobre desigualdade social: a desigualdade educacional. Nada de novo nesta temática, bem como em sua articulação com o problema mais abrangente da qual deriva. De fato, ao menos a partir dos anos 50, a questão da articulação entre estruturas de oportunidades desiguais e estruturas educacionais tem ocupado o centro de nossas preocupações. No Brasil, estudos recentes, formulados a partir dos resultados de desempenho em testes padronizados em escala nacional ou estadual, têm trazido novas luzes sobre o problema, de maneira geral, retratando as situações de grande insuficiência de nossos sistemas escolares, bem como de sua profunda desigualdade.

        Em tais estudos, têm se fortalecido a impressão – impulsionada pelo uso recente de recursos estatísticos conhecidos como análise multinível, ou modelos hierárquicos – de que elementos coletivos do ambiente escolar como o padrão de gestão, ou o perfil do alunado, desempenham um papel de destaque na explicação de percursos e rendimentos escolares diferenciados, embaralhando e relativizando a força dos condicionamentos socioeconômicos.

        É possível, também, que haja um efeito-escola, operando no sentido da criação de valores e hábitos entre os estudantes, limitando as influências de seus meios sociais de origem. Talvez isso ajude a explicar porque estudantes de meios desfavorecidos, quando “deslocados” em direção a meios escolares freqüentados por estudantes de camadas superiores tendem a desenvolver um desempenho escolar condizente com este meio. Claro que é previsível a explicação para tal fenômeno que acentue a exposição a recursos escolares “superiores”, característicos da desigualdade de oferta educacional. Entretanto, não é desprezível uma explicação que ressalte, ao lado dos elementos da oferta institucional, a adaptação a um ethos escolar que maximiza a capacidade de absorção dos recursos escolares, a partir de características culturais desenvolvidas pelos integrados a seu ambiente.

        Tal quadro não é percebido exclusivamente pelos profissionais da investigação neste terreno, mas também incorporado ao reconhecimento e rotulagem de um universo de escolas bastante diversificado, por parte de famílias e estudantes em busca de algo que pode ser considerado a melhor oferta escolar, diante das condições de escolha mais ou menos restritas de que dispõem. Na pesquisa norte-americana, frente a algumas experiências localizadas de diversificação da oferta escolar básica, cresce uma literatura em torno da denominada “school choice”, alimentada por iniciativas como as “charter schools” ou mesmo pela reduzida experiência com vouchers.

        Não é pequena a literatura focada nas aspirações e visões dos estudantes, suas famílias e meios sociais como fontes de compreensão das diferenças de rendimento e trajetória escolar. Desde as concepções inspiradas na vertente teórica que caracteriza os contrastes modernidade/tradição (desenvolvimento/subdesenvolvimento como problema prático), que emergem com força nos anos 50 do século passado, temos vigorosas correntes de pensamento sociológico que buscam no terreno das atitudes e disposições culturais diante da escola e do sistema escolar as chaves para o desempenho escolar e, como objeto mais prestigiado, para os sistemas de estratificação e hierarquização social existentes no mundo moderno. Forquin (1995) ou Karabel & Halsey (1977) resenham ricamente a emergência desta forma “culturalista” – como diz o primeiro – de abordar o problema, na qual Lipset e Bendix (1959) são precursores entre os que acentuam os elementos culturais dos meios sociais de origem do estudantado. Numa linha próxima, mas enfatizando traços da imposição estrutural de valores e seleção arbitrária emanadas das classes sociais, o que produziria disposições diferenciadas diante da máquina legitimadora da seleção social que seria a escola, Bourdieu pontifica como uma das referências fundamentais neste campo de investigação. Bernstein também é referência nessa vertente, com sua associação entre a abordagem sociolingüística e padrões de relacionamento diferenciados por meio social (cultural), como tese para a compreensão da diferenciação escolar e social. Jencks (1973) e Boudon (1981) demonstram fragilidades num certo determinismo culturalista para a questão, sem, entretanto, romper totalmente com tal forma de pensar o problema. Este último introduz um modelo de cálculo racional na escolha de percursos escolares, redirecionando a ênfase para a dimensão individual da escolha, sem, todavia, desprezar os balizamentos culturais da escolha cotejados com a estrutura de custos e oportunidades disponíveis aos diferentes meios socioeconômicos.

        Não pretendemos nos situar fora desta tradição, mas desenvolver aspectos que podem contribuir para sua especificação, trazendo atenção para características diferenciadas do alunado de várias escolas do Rio de Janeiro.

        Nossa pesquisa geral, ao tratar do valor atribuído à educação3 pelos alunos e dos condicionantes a que estariam subordinadas as visões dos estudantes, abordou elementos clássicos da sociologia voltada à educação, como as expectativas de futuro (escolares e profissionais), bem como diversos aspectos da vida e das percepções desses estudantes. Estas constituem o eixo norteador principal de nossa investigação.

        Nessa empreitada, nos deparamos com elementos bastante interessantes, referentes a uma diferenciação entre escolas, manifesta no interior de redes sob dependência administrativa diversa, que se expressa, também, num perfil bastante diferenciado de suas clientelas. Temos desenvolvido a hipótese de que este “estilo” diferenciado pode ser interpretado menos a partir de características “duras”, as variáveis socioeconômicas, que sob o influxo da dimensão cultural. Além disso, cremos que tais diferenças estão associadas ao desempenho escolar, criando condições para a percepção de que políticas educacionais atentas a tais aspectos podem significativamente alterar o rendimento educacional.

        O que pretendemos começar a explorar com o presente trabalho é a hipótese de que a reputação de uma instituição escolar seja um elemento por si diferenciador de sua clientela, atuando de forma a “inercialmente” produzir diferenças escolares não condicionadas por fatores “duros”. Pensamos especificamente nas escolas públicas que, por disporem de uma reputação diferenciada em seu entorno, logram atrair públicos específicos, identificados com seu “estilo” característico. Este seria um elemento que se reproduziria criando um certo clima escolar tendencialmente afinado com o prestígio da escola. Uma série de perguntas emana dessa problemática básica. Há correspondência entre esta reputação e mecanismos de seleção de clientela? Como são criados e “gerenciados” os valores constitutivos dessa identidade escolar? Até que ponto a diferenciação nesse nível escolar está associada com diferenças oriundas dos ambientes extra-escolares dos alunos ou é proveniente de processos de socialização institucional? Em que medida e quais políticas públicas podem alterar a imagem de escolas, contribuindo para que elas se aproximem das expectativas de cumprimento de papéis includentes e democratizantes?

        Não pretendemos, neste momento, ter respostas a tais questões. Por ora, nossa pretensão é bem menos ambiciosa: descrever diferenças interessantes entre alunos de uma amostra de escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro, do ponto de vista de seus perfis socioeconômicos, alguns de seus hábitos, expectativas e valores, tentando sistematizá-los em conjuntos característicos, esboçando modelos que identifiquem afinidades e permitam interpretar um pouco dessa rica diversidade.

*******

        Buscas sucessivas em direção ao tema específico da reputação escolar como elemento diferenciador não têm desembocado em resultados animadores, do ponto de vista da literatura especializada. Talvez a hipótese seja fraca e, portanto, não tenha atraído atenção nos ambientes da pesquisa educacional. No entanto, parece razoável, diante de achados empíricos que chamam atenção para a diferenciação entre públicos de escolas não muito diferenciados em termos socioeconômicos, buscar mais bem identificar o fenômeno e ensaiar alguns modelos explicativos.

        Nosso ponto de partida foi a realização de grupos focais – não relatados neste trabalho4 – que, realizados com quinze turmas de diferentes escolas da cidade do Rio de Janeiro, revelaram opiniões bastante diversas dos estudantes acerca de vários aspectos de suas vidas escolares e de suas expectativas para o futuro, bem como do valor e finalidade que atribuíam a suas experiências escolares. Tais opiniões pareciam muito mais aglutinadas em função do tipo de grupamento escolar (turmas e escolas) freqüentado por tais alunos que por suas condições socioeconômicas. Pela natureza deste recurso de pesquisa, não seria possível fazer comparações controladas em respeito a tais considerações, exceto no que diz respeito aos argumentos apresentados e aos ambientes em que surgiram.

        Posteriormente, com a realização do survey que passaremos a apresentar, alguns aspectos puderam ser explorados com a possibilidade de adoção de recursos comparativos mais efetivos. A parte tipicamente ligada a valores e opiniões do survey foi, em boa parte, inspirada nos grupos focais realizados com os estudantes. Nestes, aparecia nítido um questionamento do valor da escola e das possibilidades que esta descortinaria, por parte de estudantes integrantes de turmas de baixo prestígio (as turmas “03” ou “04”) e condições econômicas precárias, as quais não permitiriam prognósticos otimistas, considerando nossos baixos padrões de mobilidade social. No entanto, em condições socioeconômicas equivalentes, nas turmas “01” e em escolas de maior prestígio5 opiniões e expectativas eram bem distintas.

        Assim informados, como também por uma literatura relativamente recente que procura estudar os jovens no Brasil6, partimos ao campo de posse de um questionário razoavelmente extenso e rico em informações. Este foi dividido em seis seções. A primeira colhe informações sobre a família dos respondentes, sua estrutura; perfil profissional e educacional dos pais; cor, religião e hábitos religiosos dos respondentes; e posse de bens domésticos. A segunda seção contempla informações sobre hábitos e obrigações dos estudantes, bem como sobre os cursos extra-escolares que freqüentam. Na terceira estão contidas perguntas acerca da trajetória escolar e algumas sobre relacionamento da família com a escola. A quarta seção tenta obter as expectativas de futuro dos jovens da amostra; os fatores que eles associam com perspectivas de futuro; e comparações com a vida e as oportunidades de seus pais. Por fim, a quinta e última seção versa sobre a avaliação que os estudantes fazem de sua escola e de sua escolarização, com alguma retomada das expectativas de futuro. No total, foram 96 questões (incluídas algumas sub-questões) formuladas a estudantes de 21 escolas do Rio de Janeiro.

        Nossa intenção inicial era dividir a amostra entre escolas municipais, estaduais e particulares, segundo uma divisão da cidade em quatro áreas geográficas, supostamente portadoras de características socioeconômicas e culturais diferenciadas – grosso modo. Em cada uma dessas redes e áreas, pretendíamos aplicar nosso instrumento de coleta a duas escolas que gozassem de reputações distintas e, no interior dessas escolas, procurar turmas polares quanto à reputação interna. Nossa intenção era, atendendo a um princípio de obter uma razoável distribuição etária, trabalhar com turmas de 6a e 8a séries do ensino fundamental e 1o e 3o ano do ensino médio, além de algumas turmas de educação de jovens e adultos.

        Conforme ficará claro a seguir, tal “plano amostral” foi apenas parcialmente realizado. Alguns problemas nos impuseram uma certa restrição no número previsto de questionários aplicados7. Sobretudo na rede estadual e entre as escolas privadas, tivemos algumas dificuldades em alcançar o total amostral pretendido. Uma longa greve dos servidores estaduais coincidiu com parte de nosso período previsto em campo e a retomada das aulas ocorreu de forma pouco coordenada. Restou-nos, assim, concentrar, na rede estadual, a aplicação de questionários em três grandes escolas às quais nosso acesso não foi muito difícil, multiplicando aí o número de questionários aplicados. O fato de ser a matrícula estadual – ensino médio – hoje efetuada de forma centralizada e a própria concentração dessa rede em um número relativamente pequeno de grandes escolas pode ter contribuído para compensar efeitos negativos de nossa investigação em poucas escolas estaduais, dado que estas recebem uma clientela bem diversificada, inclusive quanto a local de moradia. Nas escolas privadas, nossa dificuldade foi de obter autorização para realização da pesquisa, algo recebido com restrições e aparente temor.

        Enquanto nas redes públicas foi possível – e os resultados referendarão esta afirmativa – contar com uma boa diversidade de escolas, entre as escolas privadas conseguimos acesso a quatro escolas – uma em cada região em que a Cidade foi dividida – de prestígio elevado em sua área, acrescidas de uma escola, situada na Zona Norte, em uma região bastante pobre. Esta última escola, apesar de atender a uma clientela empobrecida e não gozar de reputação destacada, comparada às demais, é uma escola atípica, à medida que possui aspecto filantrópico, sendo vinculada a uma igreja evangélica e, provavelmente, prestando serviço de qualidade superior ao que indicaria sua reduzida mensalidade.

        Dessa forma, nossa amostra ficou irregularmente distribuída, comprometendo especialmente análises que considerem diferenças geográficas. No entanto, deve-se ressaltar que não havia pretensão, mesmo que tivéssemos alcançado toda a amostra pretendida, de produzir resultados estatisticamente representativos do município do Rio de Janeiro. Os resultados aqui expostos devem ser considerados como um primeiro e rudimentar tratamento dos dados colhidos e referentes estritamente à amostra pesquisada, o que não impede que obtenhamos percepções e pistas que nos levam a pensar de maneira mais abrangente.

Descrevendo a amostra

A distribuição dos questionários aplicados, por região e rede ficou assim (Tabela 1):

Tabela 1 – Questionários aplicados por rede e área geográfica, segundo o número de escolas, as séries e o número de turmas.

        Como se pode observar, há turmas de 7a série, 2o e 4o ano (duas de cada), fugindo ao plano original. Tal se deveu a dificuldades de acesso já mencionadas. No entanto, isso não acarreta maiores problemas nas análises desenvolvidas.

        Os dados aqui expostos restringem-se, de agora em diante, a aqueles questionários obtidos em turmas do ensino regular, excluindo-se destas os estudantes com idade superior a 30 anos, que existem mesmo no ensino regular diurno das redes públicas, mesmo que em pequena quantidade. Foram deixados para uma análise à parte os estudantes de turmas de educação de jovens e adultos.

        A distribuição dos alunos por sexo (Tabela 2) apresenta uma amostra equilibrada, ocorrendo, no entanto, uma maior porcentagem de meninas nas séries mais avançadas. Isto pode ser atribuído ao melhor desempenho escolar destas. No caso da rede estadual, como há na amostra uma grande escola de formação de professores, ocorre um certo desequilíbrio a favor do sexo feminino (especialmente no 4o ano do ensino médio, onde os questionários foram aplicados apenas nesta escola). Retirando-se esta escola da tabulação, o quadro se altera um pouco, mas permanece a maior proporção de meninas nas séries mais adiantadas.

Tabela 2 – Questionários por série, segundo o sexo

        Há uma clara diferenciação entre a rede privada e as públicas, no que diz respeito à média de idade por série (Tabela 3). Há, sobretudo uma grande diferença no desvio-padrão, entre as redes. Observe-se que os alunos com mais de 30 anos foram excluídos da análise, o que certamente elevaria a idade média e a dispersão no caso da rede estadual (ensino médio).

Tabela 3 – Média de Idade por Série, segundo a Rede

        Mais uma diferença relevante entre as redes diz respeito à cor declarada, com maior concentração de negros e pardos na rede estadual (Tabela 4). Não há diferenças significativas na distribuição de cor pelas séries (tabela não incluída).

Tabela 4 – Estudantes por cor declarada, segundo a Rede

        Os aspectos referentes à religiosidade estão contemplados na pesquisa, ainda que de forma sucinta, e parecem estar associados significativamente com questões que estão no centro de nosso interesse. As diferenças para freqüência a templo religioso são significativas (Tabela 5), entre as redes públicas e a rede privada. A declaração de não freqüência inclui igualmente estudantes que declaram ter alguma religião e os que se manifestaram em contrário.

Tabela 5 – Freqüência a templo religioso, segundo a Rede

        É plausível que essa diferença na intensidade da freqüência a templos religiosos esteja associada com diferenças nas denominações religiosas que os jovens da amostra declaram integrar. Assim, os estudantes das redes públicas que possuem religião apresentam, na amostra, um percentual maior de pertencimento a igrejas evangélicas (Tabela 6), que tendem a estimular uma presença mais freqüente de seus fiéis8. Na categoria “evangélico em geral” devem estar contidos predominantemente praticantes de cultos evangélicos novos (pentecostais e neopentecostais), dado que os praticantes de religiões denominadas “evangélicas tradicionais” tendem a se identificar diretamente pela denominação da igreja a que pertencem (metodistas, batistas, presbiterianos, anglicanos, etc.).

Tabela 6 – Estudantes por religião segundo a Rede

        A variável padronizada "status socioeconômico" foi construída a partir da contagem de bens domésticos presentes nas residências dos respondentes. Optou-se pela contagem direta dos itens selecionados, após a experiência de atribuir pesos relativos à maior ou menor raridade dos bens9. Como era de se esperar, a diferenciação neste aspecto entre as redes, na amostra, é bem expressiva, mesmo considerando a imprecisão da variável construída, especialmente para situações extremas de pobreza e riqueza (Tabela 7). Ainda assim, ela discrimina bem entre as redes e entre as escolas.

Tabela 7 – Média de Status Socioeconômico por Rede

        Também no que diz respeito à origem regional dos alunos e suas famílias, diferenças são marcantes. Há uma concentração maior de imigrantes nas redes públicas, especialmente na rede estadual, que concentra alunos mais velhos. Isso pode ser interpretado como decorrente dos fluxos migratórios mais intensos no passado, que foram arrefecendo. Como a migração ocorre fundamentalmente entre populações que desfrutam de piores condições de vida, observa-se a discrepância entre os percentuais de imigrantes entre a rede privada e as redes públicas. Há uma diferença, também, na região de origem dos imigrados. A proporção de oriundos do nordeste é bem mais baixa na amostra da rede privada (Tabelas 8 e 8A).

Tabela 8 – Região de nascimento, segundo a Rede



Tabela 8A – Região de nascimento da mãe, segundo a Rede

        Para efeito de diversas análises desenvolvidas, foi gerada uma variável que calcula a defasagem em anos de cada aluno com relação à média de idade observada em sua série escolar10. Observa-se que há uma diferença importante entre as redes, no que diz respeito a esta variável (Tabela 9). Observe-se que há, na rede estadual – ensino médio – uma redução da defasagem do 1o ano para o 3o, o que pode significar abandono dos estudos por parte de um número razoável de estudantes.

Tabela 9 – Média de defasagem de idade para a série, segundo a Rede

        Por fim, quanto a variáveis descritivas de um perfil da amostra, há aquelas referentes ao nível de escolaridade das mães (Tabela 10) 11. Foram encontradas as diferenças previsíveis, mas deve ser considerado que as escolas da rede privada pesquisadas talvez não sejam bem representativas do universo de tais escolas. Existe, ainda, uma diferenciação interna importante entre as escolas da rede municipal (que será mostrada mais adiante), referente a esta variável.

Tabela 10 – Estudo da mãe por rede escolar

        Com a tabela acima, esperamos ter concluído a apresentação de um panorama muito genérico da amostra e de algumas variáveis importantes no provável condicionamento de fenômenos que buscamos compreender. As variáveis “duras” confirmam o que já é sabido na literatura nacional e internacional: há uma forte hierarquização nas redes escolares, oriunda de sólidos mecanismos seletivos, associados à desigualdade social mais abrangente.

        A partir desse ponto tentaremos identificar outras diferenças, em aspectos, talvez, menos óbvios e, principalmente menos marcados por diferenças estruturais de oportunidades tão evidentes. Adentrando o terreno de variáveis mais próximas dos valores, hábitos, práticas dos estudantes pesquisados, suas visões e perspectivas, tentaremos perceber suas associações com os condicionamentos socioeconômicos, as variáveis “estruturais”, bem como as associações dessas variáveis indicativas de percepções e atitudes, entre si.

Hábitos e costumes

        O questionário continha diversas perguntas sobre a freqüência com que os jovens consultados realizam as seguintes atividades: ir ao cinema, ao teatro, a festas ou bailes, a shows, à praia, a parques ou passeios, ouvir rádio, assistir TV, ajudar nas tarefas de casa, praticar esportes, reunir com os amigos, fazer tarefas escolares e ler; freqüentar a templo.

        Para tratar tais práticas em conjunto optamos por um procedimento estatístico que busca reduzir uma multiplicidade de variáveis a dimensões inteligíveis, denominado análise fatorial. Por meio desse recurso, procuramos identificar afinidades entre as informações prestadas sobre as práticas sociais dos jovens, construindo indicadores que indiquem perfis de comportamentos.

        Após várias tentativas de identificação de elementos comuns, a solução mais recomendável parece ser a de seguir indicações emanadas da seguinte análise fatorial:

Quadro 1



Os fatores obtidos são saturados da seguinte maneira:

Quadro 212

        Como se pode observar, há quatro dimensões coerentes, ainda que não seja muito nítida a distribuição das variâncias de algumas variáveis. A primeira dimensão – e mais clara – aglutina as variáveis referentes a atividades externas e de lazer (cinema, shows, festas/bailes, praia, parques/passeios). Esta dimensão foi denominada “balada”. A segunda dimensão mostra uma afinidade nítida entre cumprir as tarefas escolares/estudar e ler, secundariamente “ajudar nas tarefas de casa”. Para esta dimensão podemos usar a designação “estudo”. Uma terceira dimensão, menos clara, parece reunir as afinidades entre tarefas domésticas, como ouvir rádio, ver TV e ajudar nas tarefas domésticas. Há uma saturação negativa pra atividades mais “intelectualizadas”, como cinema e teatro. Esta terceira dimensão pode ser considerada como concentrando atividades que não exigem ações externas, com um detalhe de aversão/falta de oportunidade para com atividades um tanto menos acessíveis. Seriam os “caseiros”. Por fim, praticar esportes parece constituir uma dimensão quase exclusiva, com afinidade apenas com ver TV e negativa para shows e ajudar em casa.

        Ainda que forneça pistas importantes para análise e dimensões sociologicamente coerentes, nesse caso, a análise fatorial não foi utilizada diretamente na geração de variáveis decorrentes dos fatores, por força de Eigenvalues relativamente baixos, exceto no caso do primeiro fator e, sobretudo, por força de algumas variáveis saturarem com carga razoável mais de um fator, além de quase não existirem correlações negativas entre elas. Assim, a solução escolhida foi utilizar as “sugestões” provindas dos fatores, mas trabalhar diretamente com variáveis compostas pelo somatório daquelas que parecem constituir dimensões coerentes, devidamente padronizadas, ou individualizadamente com as variáveis que de forma menos nítida se associam com outras.

        É indispensável ressaltar que o fato de não existirem correlações negativas fortes entre as diversas variáveis indica que as dimensões são independentes, mas não opostas. Assim, é possível a um mesmo indivíduo exibir perfil que confira alta pontuação tanto para aspectos de “balada” quanto de “estudo”, simultaneamente, por exemplo.

        A observação da distribuição dos resultados, escola a escola, apresenta perfis médios bem distintos, conforme a região de localização da escola, a rede a que pertença e o prestígio de que desfruta. Assim, nossa notação identifica as escolas pela rede (M = Municipal, E = Estadual e P = Privada), pela área da cidade (S = Sul, T = Tijuca e adjacências, N = Norte e O = Oeste) e pelo prestígio da escola (+ ou -)13.

        O grande quadro, a seguir, apresenta representações gráficas de como se distribuem, escola a escola, as pontuações médias de cada uma das dimensões ou das variáveis individualizadas, referentes a padrões de hábitos dos estudantes pesquisados. Por força de limitação de espaço, nem todas as variáveis referentes a este aspecto serão apresentadas ou discutidas detidamente. Conforme assinalado, o objetivo deste trabalho é apresentar um primeiro tratamento dos dados obtidos, submetendo-os a críticas e sugestões.

Quadro 3 – Representações gráficas dos hábitos dos estudantes pesquisados, por escola.

        Para efeito de comparação, estão apresentadas, abaixo, representações gráficas também de algumas variáveis presumivelmente explicativas de parte das diferenças observadas nos gráficos acima: Escolaridade da mãe e Status socioeconômico, além da Defasagem do aluno em relação aos demais de sua série – na amostra.

Quadro 4 – Alguns indicadores socioeconômicos por escola

        As distinções por escola14 parecem obedecer simultaneamente a um conjunto complexo de associações que devem considerar a área da cidade, as condições socioeconômicas, o ambiente cultural das famílias e o prestígio das escolas, além de, em alguns aspectos, poderem refletir políticas e iniciativas específicas a cada escola. As atividades aglutinadas sob o rótulo de “balada” distinguem positivamente os alunos da rede privada, seguindo, porém, um percurso declinante da Zona Sul e das escolas que aglutinam alunos de melhor nível socioeconômico em direção à Zona Oeste e a escolas com adensamento de alunos mais pobres. O hábito de freqüentar teatro se distribui de forma parecida, parecendo, porém, sofrer restrições mais severas de acesso por área geográfica. A ajuda nas tarefas de casa é quase simetricamente oposta a estas duas distribuições anteriores e pode ser inversamente associada ao status socioeconômico dos envolvidos. Os hábitos de estudar, cumprir as tarefas escolares e ler se distribuem de maneira que exige se leve em consideração peculiaridades das escolas, dado que não parecem obedecer a uma regularidade razoável, à primeira vista. Praticar esportes tem uma nítida inclinação desfavorável aos estudantes mais velhos, da rede estadual. Além disso, a investigação de um nível de oportunidades referentes a tal dimensão, provavelmente, revelaria explicações para uma parte das variações entre escolas. A atividade esportiva é, além disso, bem menos freqüente entre as meninas, o que rebaixa a média da escola ES2. Já a freqüência a templo religioso não varia muito, na média, entre as escolas, exceto para as duas mais prestigiadas e “nobres” escolas da rede privada, onde ela declina acentuadamente. Rádio e TV obtiveram escores elevados nas declarações de hábitos da imensa maioria dos jovens. As variações para “ouvir rádio” não foram muito expressivas, exceto nas duas escolas freqüentadas por uma classe média mais abastada, onde esta diversão mais popular é menos frequente. Quanto a ver TV, demandaria uma análise mais particularizada.

        Observe-se que os hábitos tendem a ser próximos nas escolas privadas de melhor prestígio, com diferenciação mais intensa das situadas na Tijuca e Zona Sul, ao passo que a escola privada de baixo prestígio, numa região pobre da Zona Norte, parece se aproximar mais dos alunos das redes públicas.

        A grande diferença entre as escolas de alto e baixo prestígio, no que diz respeito a "atividades extra-classe"15 está em cursos de línguas estrangeiras (o dobro nas de alto prestígio) e "esportes/artes marciais" (50% a mais nas de alto prestígio), ao passo que os cursos de informática são mais freqüentados pelos estudantes de escolas de baixo prestígio. Será que isso representa uma estratégia profissionalizante ou apenas um menor acesso e familiaridade em ambiente doméstico quanto ao uso de computador? São perguntas sem resposta, no âmbito dessa pesquisa.

        O estudo da mãe é um grande discriminante para a freqüência a cursos de língua estrangeira. Já a informática, em cursinhos, parece mais demandada pelos que dispõe de família menos escolarizada. Música e canto apresentam um comportamento estranho, talvez explicado pela atividade religiosa mais intensa entre os mais pobres - famílias de menor escolaridade - que são os que mais praticam este tipo de atividade. A atividade religiosa deve estar associada a este comportamento. As artes plásticas - ainda que bem pouco praticadas favorecem aos filhos de mães mais escolarizadas, enquanto os esportes/artes marciais claramente distinguem entre origens sócio-econômicas (escolaridade da mãe mais elevada).

Valores e expectativas

        Interrogados sobre aspectos da sua escola e sobre sua autoapreciação como alunos, os estudantes tinham a possibilidade de escolher entre respostas dispostas numa escala de cinco posições. Novamente aplicando o recurso da análise fatorial a tais respostas, obtivemos o interessante resultado abaixo (Quadro 5). Nele se pode observar que dois fatores foram extraídos, contemplando cerca de 52% da variância. Tais fatores podem ser interpretados como sendo, o primeiro, uma apreciação geral da escola e, o segundo, uma autoavaliação positiva do estudante, acompanhada por uma avaliação pouco positiva ou mesmo negativa quanto a alguns aspectos da escola.

Quadro 5

        Estas duas dimensões foram então transformadas em escores padronizados, cuja distribuição por escola se dá da maneira a seguir (Quadro 6).

Quadro 6

        É interessante observar como o prestígio das escolas está diretamente associado com a satisfação diante dela, na maioria dos casos. Há um caso de baixa satisfação numa escola pública e em outra privada, que gozam de prestígio mais elevado. Nesta última, a insatisfação – já constatada por meio de grupos focais – pode estar associada a uma visão meritocrática acentuada desses alunos, que se vêem tolhidos pelo fato da escola estar aquém de suas pretensões. Note-se a acentuada autocrítica dos alunos da rede privada, contrastante com a baixa satisfação com a escola e a autoavaliação positiva dos alunos da escola privada de baixo prestígio.

        Uma medida do otimismo dos estudantes pesquisados, diante do futuro e do passado16 (Quadro 7) resultou num marcante pessimismo dos estudantes das escolas típicas de classe média, talvez refletindo um sentimento de perda de status e de ameaças à posição social, decorrentes da crise econômica dos anos 90. Os estudantes das redes públicas tendem a ser moderadamente otimistas, com variações relevantes de escola a escola17.

Quadro 7

        Outra dimensão, gerada a partir de uma redução de variáveis que interrogavam sobre o que o estudante projetava estar fazendo daqui a dois ou a dez anos, por outro lado, permite perceber que o “pessimismo” dos estudantes da rede privada não chega a ponto de afetar sua confiança numa trajetória longa de estudos. Uma transformação das respostas abertas em uma escala que procurava identificar posições mais próximas do trabalho ou do estudo, fornece a seguinte impressão de que os estudantes das escolas mais prestigiadas e das áreas mais valorizadas da cidade projetam um futuro mais longo como estudantes (Quadro8). Deve-se ressaltar que, no caso dos estudantes da rede estadual, o fato de estarem no ensino médio limita suas previsões futuras como estudantes, mais que os das séries finais do ensino fundamental. Por outro lado, na rede privada, estão misturados (exceto na escola PT+) estudantes dos dois segmentos de ensino e ainda assim, a escola PS+ atinge pontuações mais elevadas que a rede municipal, onde só se encontram estudantes do ensino fundamental.

Quadro 8

        Continuando no caminho das expectativas de futuro, mais uma vez o recurso da análise fatorial foi adotado para tentar identificar as variâncias comuns nas opiniões dos estudantes quanto a que elementos seriam os mais importantes na definição de futuros de sucesso, para eles. Solicitados a dar notas de 1 a 10 para tais elementos, o que se verificou relevante foi o seguinte (Quadro9):

Quadro 9



        O resultado acima sugere a existência de duas dimensões. Uma primeira saturada fundamentalmente pelo peso dos fatores fortuitos no condicionamento de um futuro de sucesso. Note-se que esta dimensão não é antagônica à segunda, que enfatiza fatores meritocráticos, sendo que, nesta última, os fatores fortuitos carregam discretamente num sentido negativo. O Quadro 10 expõe a média das variáveis que representam tais dimensões, por escola.

Quadro 10

        Como se pode observar, os fatores fortuitos obtêm um nível de respostas bem inferior nas duas escolas mais “nobres” em termos acadêmicos, ficando próximos da média nas demais, com exceção de uma escola municipal. Já os fatores meritocráticos têm um “campeão” na escola privada tijucana. Com exceção desta, talvez refletindo o pessimismo percebido anteriormente, nas demais escolas prestigiadas da rede privada pesquisada, há uma aparente indiferença quanto ao fator que, esperava-se, seria mais característico de uma atitude “de classe média”. Na escola estadual de bom padrão da zona oeste – visivelmente contrastante com as demais em nossas visitas – há um perfil mais claramente meritocrático, assim como na escola municipal de boa reputação da Tijuca.

Conclusões (preliminares)

        Esta apresentação pretendeu, por limites de tempo disponível para sua preparação, apenas descrever achados iniciais de uma pesquisa que aborda inúmeros aspectos além daqueles aqui brevemente apresentados. Há também, tentativas mais complexas de interpretação em curso, recorrendo a procedimentos de análise multivariada que permitam propor fatores causais na compreensão de perfis diferentes no alunado. Diversos trabalhos específicos estão em curso, procurando explorar aspectos particulares dos dados levantados. Perguntas abertas estão sendo recodificadas, com vistas a propiciar impressões mais ricas das percepções apresentadas pelos estudantes da amostra.

        Por ora, o que pudemos observar, inicialmente, indica que as escolas de prestígio distinto parecem confirmar algo de sua reputação num perfil de alunado específico. No entanto, esta não é uma análise simples e seus resultados não são cristalinos. Diferenciações regionais e socioeconômicas parecem atravessar clivagens culturais e de percepções dos estudantes. Entre os passos futuros de análise de nossos dados está uma necessária abordagem das diferenciações que permeiam a composição das turmas em cada escola e uma tentativa de criar indicadores de homogeneidade interna às escolas.


1 Trabalho realizado com apoio do CNPQ. Agradecemos a colaboração da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e de suas coordenadorias regionais consultadas. Agradecemos ao empenho de técnicas da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, bastante solícitas em tentar contornar dificuldades decorrentes de uma situação anômala da rede, quando da realização da pesquisa.

2 Ver Mortimore et alli (1988), Sorensen and Morgan (2000), Reimers (2000).

3 Para uma apresentação mais detida dos pressupostos teóricos da pesquisa ver COSTA (2001)

4 Um artigo voltado a apresentar os resultados dos grupos focais, sob o título “Entre o mérito e a sorte – escola, presente e futuro na visão de estudantes do Rio de Janeiro”, foi encaminhado para publicação.

5 A informação sobre “prestígio” da escola foi colhida em contatos institucionais e é válida sobretudo para a rede municipal e as escolas privadas. No caso da rede estadual, essa distinção é menos nítida, destacando-se apenas o prestígio interno elevado que a escola da zona oeste na amostra desfruta.

6 Ver o excelente inventário organizado por Spósito (2002).

7 Calculávamos aplicar entre 3 e 4 mil questionários, tendo efetivamente aplicado pouco mais de 2,6 mil. Parte desse erro de previsão deveu-se a que encontramos um número médio de alunos por turma inferior ao esperado. Poucas foram a turmas em que encontramos 35 alunos ou mais, enquanto nossa previsão inicial era termos uma média superior a 35. Com efeito, mais de 2/3 de nossos entrevistados estavam em turmas com menos de 35 alunos.

8 A média de freqüência por religião – tabela não incluída – reforça essa explicação.

9 Também foi gerada uma segunda variável referente ao status socioeconômico, contabilizando apenas os bens mais raros encontrados na amostra. No entanto, essas variáveis guardavam um coeficiente de correlação superior a 0,9 com a variável resultante da soma direta dos bens domésticos, optando-se por esta devido a sua maior simplicidade. A escolha por seu uso na forma padronizada deveu-se apenas à clareza de apresentação, quando for utilizada a forma gráfica.

10 Note-se que não se trata de um cálculo relativo ao que seria uma idade “ideal” para a série, mas que toma a média de idade observada como referência.

11 Esta que é uma variável consagrada na literatura, talvez, se mostre mais discriminante do status socioeconômico que a posse de bens domésticos. De fato, ela assim tem sido usada, tendo em vista a grande dificuldade em obter indicadores seguros do padrão socioeconômico de vida dos indivíduos e famílias, quando em pesquisas que não são dedicadas especificamente a este tema. Entretanto, como a posse de bens domésticos mostrou-se razoavelmente discriminante - provavelmente deixando a desejar quanto à amplitude das diferenças – e guarda uma correlação forte (r = 0,48) com o estudo da mãe, mas não a ponto de considerá-las proxy, a opção foi pela prudência em manter ambas as variáveis.

12 As variáveis com saturação acima de 0,5 em um determinado fator estão destacadas com fundo amarelo. As saturações entre 0,3 e 0,5 foram marcadas com fundo cinza.

13 No caso da rede estadual, apenas a escola da Zona Oeste parecia desfrutar de um prestígio nitidamente positivo, tanto no âmbito da Secretaria de Educação quanto nas percepções de seu público. Isto transparece em diferenças relevantes observadas nessa escola em relação às outras duas estaduais na amostra.

14 É forçoso reconhecer que esta ainda é uma análise descritiva pobre. As diferenças por sexo, por exemplo, são marcantes para boa parte das atividades. Meninas tendem a significativamente ouvir mais rádio, fazer tarefas de casa, realizar tarefas escolares/estudar e ler. Com menor diferença, mas ainda significativas, vão mais a teatro e a parques/passeios. Já o diferencial pró meninos está principalmente na prática de esportes. Com um pouco menor diferenciação, ir a praia e reunir com os amigos.

15 Tabelas não incluídas. Há, também, informações muito interessantes quanto aos hábitos de leitura dos jovens, não incluídos no presente artigo. Estes variam conforme o sexo, a idade, religiosidade, tipo de família, estudo da mãe, enfim, apresentam diferentes associações a serem mais bem exploradas. Os hábitos são bem diferenciados entre os que freqüentam templos mais intensamente e aqueles que freqüentam mais esporadicamente e ainda os que não freqüentam. É necessário cuidado na análise, pois as relações não são lineares. Esta área demanda um estudo bem específico.

16 Três perguntas sobre: se a vida está melhorando ou piorando; se a vida dos pais era mais fácil ou mais difícil; e se a vida será mais fácil ou mais difícil que a dos pais, contendo escala de cinco posições compuseram esta variável.

17 Deve-se tomar atenção para o fato de que os gráficos, apesar de expressarem sempre variáveis padronizadas, não estão dimensionados sempre na mesma escala.





Bibliografia:

BATISTA, Liliane P. (2002). Os jovens de periferia e a escola pública: um estudo de caso, dissertação de mestrado, Faculdade de Educação/USP.

BOUDON, Raymond (1981). A Desigualdade de Oportunidades. Brasília: Ed. UnB.

BOURDIEU, Pierre (1977). Cultural Reproduction and Social Reproduction. In: KARABEL, J.; HALSEY, A. H. Power and Ideology in Education. New York: Oxford University Press.

CORROCHANO, M. C.; NAKANO, M. (2002), Jovens, Mundo do Trabalho e Escola. In: Juventude e escolarização (1980-1998), Série Estado do Conhecimento, número 7, INEP/COMPED, Brasília.

COSTA, Marcio da (2001). Tempos de Desesperança - roteiro para pensar a educação quando o futuro parece sombrio, Humanas, v. 24, n. 1/2, p. 186-200.

DAYRELL, Juarez (2002). Juventude e Escola. In: Juventude e escolarização (1980-1998), Série Estado do Conhecimento, número 7. Brasília: INEP/COMPED.

FORQUIN, Jean-Claude (1995) Abordagem Sociológica do Sucesso e do Fracasso Escolares. In: Sociologia da Educação - dez anos de pesquisa, Vozes, Petrópolis.

GUIMARÃES, Eloísa (1998). Escola, Galeras e Narcotráfico. Rio de Janeiro, Editora UFRJ.

JENCKS, C. et alli (1973). Inequality – a reassessment of the effect of family and schooling in America. New York/ London: Basic Books.

KARABEL, J. e HALSEY, A. H. (1977). Education Research: a review and an interpretation. In: KARABEL, J.e HALSEY, A. H. Power and Ideology in Education. New York: Oxford University Press.

LIPSET, S. M. and BENDIX, R. (1959) Social Mobility in Industrial Societies. Berkeley, L. A.: University of California Press.

MINAYO e outros (1999). Fala Galera – Juventude, Violência e Cidadania na Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond.

MORTIMORE, P.; SAMMONS, P.; STOLL, L.; LEWIS, D.; and ECOB, R. (1988) School Matters. Berkeley, CA: University of California Press.

REIMERS, Fernando (2000). Unequal Schools Unequal Chances – the challenges to equal opportunity in the Americas. Cambridge: Harvard University Press.

RIST, R. C. (1977). On understanding the processes of schooling: the contributions of labeling theory. In: Karabel, J. e Halsey, A. H. Power and Ideology in Education. New York: Oxford University Press.

SORENSEN, A. B. and MORGAN, S. L. (2000) School Effects: Theoretical and Methodological Issues. In: Handbook of the Sociology of Education. New York: Kluwer Academic/Plenum Publishers.

SPÓSITO, Marília P. (2002). Considerações em Torno do Conhecimento sobre Juventude na Área de Educação. In: Juventude e escolarização (1980-1998), Série Estado do Conhecimento, número 7, Brasília: INEP/COMPED.