A pergunta sobre o sentido da vida sempre foi objeto de pesquisa de muitas ciências, dentre elas a teologia e a filosofia. As religiões sempre apresentaram e apresentam um sentido para a vida humana. Algo semelhante acontece com a Bíblia. A literatura sapiencial bíblica, que queremos analisar de forma mais específica, nasce do desejo do povo israelita de compreender as leis que YHWH colocou no mundo para serem seguidas; ou seja, nasce da procura de resposta para a pergunta sobre o sentido da vida. A presente dissertação quer abordar o livro de Qohélet verificando qual é o sentido que este apresenta para a vida humana. A escolha desse livro se deve à sua localização no contexto da crise da sabedoria em Israel - falamos aqui de crise da sabedoria bíblica que vai do séc. IV ao séc. II aproximadamente, onde está situado também o livro de Jó. O fundamento da sabedoria tradicional israelita era o princípio de causa e efeito que garantia a felicidade dos justos e a infelicidade dos ímpios. A crise da sabedoria acontece justamente pela verificação de falhas nesse princípio. Por outro lado, ainda não existe na tradição de Israel nenhuma perspectiva de recompensa após a morte. Nossa pesquisa terá como ponto de partida o texto de Qoh 9,7-10 que será analisado seguindo os passos do método histórico-crítico. Num primeiro momento procuraremos refletir a respeito do contexto histórico do livro de Qohélet, de como foi abordado em todo esse tempo e de algumas hipóteses a respeito do seu processo de composição. Assim, nossa pesquisa buscará relacionar o texto em questão com o conjunto do livro de Qohélet e responder à seguinte pergunta: qual o sentido da vida para Qohélet? Em seguida procuraremos comparar essa resposta com a resposta dada pela Epopéia de Gilgames e pela filosofia epicurista.