A pesquisa procura estudar a condição de professores que trabalham em três ou mais estabelecimentos de ensino. Foram entrevistados 12 professores, de diferentes disciplinas, que atuam a partir do 6º ano do ensino fundamental, onde o fenômeno da itinerância é mais freqüente. Foram escolhidos entre aqueles que, na visão de diretores e coordenadores pedagógicos, desempenham um bom trabalho. À exceção de duas, todas as entrevistas foram realizadas numa das escolas desses professores, permitindo maior contextualização. O acompanhamento do cotidiano de um dos entrevistados, durante uma semana, trouxe muita riqueza de dados sobre a circulação do professor em diferentes escolas e sua atuação frente à diversidade de instituições, séries, turmas e alunos. A análise dos Projetos Político-pedagógicos de escolas onde trabalham os professores pesquisados procurou levantar, ainda, como estas organizam o trabalho docente. A relação entre os professores e suas escolas é ancorada na literatura que vê o estabelecimento de ensino como espaço privilegiado de profissionalização do magistério. Nas múltiplas itinerâncias do trabalho docente, que acontece em diferentes escolas, mas também numa variedade de segmentos, séries e turmas, sobressai a importância da relação dos professores com seus alunos, mais que com as instituições e os conteúdos. As condições de itinerância levantadas tendem a isolar o professor em sua disciplina, mas possibilitam maior liberdade frente à regulação do trabalho que acontece nos estabelecimentos de ensino. Tais achados permitiram dialogar com diversos autores que, buscando o sentido humano presente no trabalho docente, questionam a racionalidade instrumental da eficiência na organização desse trabalho. Teoricamente, esta tese busca trazer nova perspectiva ao debate sobre a profissionalidade docente nos dias atuais.